A redução do número de adolescentes grávidas entre as alunas da Escola Municipal Durival de Britto e Silva, na Vila Oficinas, está entre as vitórias do trabalho voluntário de educação em saúde realizado por jovens capacitados pelo programa Saúde e Prevenção nas Escolas, da Secretaria Municipal da Saúde. A experiência será apresentada nesta segunda-feira (29), no III Encontro de Protagonismo Juvenil do Centro de Convivência Menina Mulher (CCMM)/I Encontro de Protagonistas Veteranos, que começará às 9h, no auditório bege do Centro Universitário Positivo (Unicenp).
Segundo a estudante e protagonista juvenil Ainoan Arlindo, que relatará o caso, até 2004 eram registrados na escola até seis casos de gravidez não planejada por ano. Em 2005 não houve casos e em 2006 apenas uma jovem de 17 anos – casada e que desejava ser mãe – engravidou. Ainoan tem 15 anos e, no ano passado, concluiu o Ensino Fundamental na escola da Prefeitura onde desenvolveu o trabalho de educação em saúde. Agora estuda no Colégio Estadual Natália Reginato, onde pretende implantar a ação, e é um dos cerca de 5 mil adolescentes capacitados no município desde 2001.
Conforme Ainoan, que freqüenta o ensino regular à noite e faz um curso técnico no Serviço Nacional da Indústria (Senai) à tarde, ela e outros cinco alunos protagonistas usaram uma estratégia simples e muito eficaz entre os adolescentes. "Fizemos muitas palestras no laboratório de ciências, rodas de conversa e divulgação nos corredores da escola sobre a importância de conhecer o funcionamento do próprio corpo e prevenir gravidez, aids e outras doenças sexualmente transmissíveis e da relação que a saúde do homem tem com a saúde do meio ambiente", conta.
A iniciativa é um exemplo das dezenas de projetos em prática a partir de escolas públicas municipais em funcionamento de Curitiba, com o apoio da Prefeitura, para promover a saúde integral e a cidadania dos jovens cidadãos curitibanos. Para Ainoan, que pretende estudar Psicologia e desenvolver projetos na área de saúde reprodutiva do adolescente, oportunidades como essas fazem toda a diferença para os jovens que, por alguma razão, não podem discutir esses assuntos em família. "O simples ato de tomar conhecimento do próprio corpo favorece a auto-estima e leva o jovem a compartilhar esse benefício, fazendo dele um protagonista em potencial", resume.
O evento está sendo organizado pelo CCMM e, além da Secretaria Municipal da Saúde, também conta com o apoio da Secretaria Municipal da Educação e da Fundação de Ação Social, que mantém o programa Agente Jovem.
Cenário - Em Curitiba moram 320 mil cidadãos entre 10 e 19 anos, o que representa 18% da população. A taxa de gravidez na adolescência, que esteve próxima de 20% no início da década, já caiu para menos de 16%. A faixa etária também concentra 2% de todos os doentes de aids do município, com 152 casos.
Até quarta-feira (31), data de encerramento do evento, cerca de 600 pessoas – entre estudantes de escolas públicas, educadores e familiares de adolescentes inscritos para as oficinas e observadores – deverão participar de atividades ligadas a promoção de conhecimento sobre sexualidade do adolescente, meio ambiente e cidadania.