Bonde Briguet

E minha mãe respondeu à carta...

18 mai 2016 às 12:13


No último domingo, Dia de Pentecostes, minha irmã Fernanda estava fazendo a limpeza em um armário de sua casa. Em certo momento, a sua filha Liz, de 8 anos, olhou para uma velha caixa no alto do móvel e disse: "Mamãe, eu quero ver o que tem dentro daquela caixa". Fernanda abriu a caixa e viu que estava cheia de fotos e papéis antigos de nossa família. Um dos papéis era um envelope amarelecido pelo tempo. Dentro dele, havia uma carta de nossa mãe, Aracy, à nossa avó materna, Maria. A carta é de 14 de maio de 1950, exatamente 66 anos atrás. Consultando o calendário, verificamos que o segundo domingo de maio em 1950 caiu no dia 14. Era uma carta de Dia das Mães.

Meus sete leitores sabem que há poucos dias publiquei, aqui na #AvenidaParaná, uma carta de Dias das Mães para Aracy. Jamais poderia esperar que minha mãe respondesse — mas foi exatamente isso que ela fez, graças à sua filha e sua netinha. A carta da pequena Aracy — que tinha 9 anos na época — é de uma suavidade angelical. Numa letra de mão caprichosa, ela diz: "Querida mãezinha, Quem escreve esta carta é sua filha que muito a estima e adora. Escrevo esta carta com o coração cheio de alegria. Agradeço tudo que me fez dando-lhe um pequeno presente. Prometo ser muito boa para a senhora. Que Nossa Senhora a proteja, minha mãezinha, e que ela esteja sempre ao meu lado. Um beijo bem forte no seu coração." Na minha carta a Aracy, eu falava sobre as rimas entre as palavras e as pessoas. Qual não foi a minha emoção ao descobrir que o presente a que ela se refere na carta é um pequeno poema, parecido com os versos que o Pedro começa a querer escrever. Eis o que nos diz minha mãe, com sua voz e letra de menina cheia de sonhos: "Eu amo minha mãezinha De todo meu coração. Quando me chama filhinha, Fico cheia de emoção. A sua fala tão doce Repassada de carinhos Canta dentro de minh’alma Como a música dos ninhos. É a música dos ninhos. As conversinhas das aves Falam dos pais e filhinhos Nos gorjeios mais suaves. Minha mãezinha gentil, Serei menina aplicada Para dar-te gostos mil." A carta de minha mãe, encontrada no Domingo de Pentecostes, veio iluminar o nosso coração com os dons que ela sempre cultivou na vida: piedade, fortaleza, sabedoria, temor de Deus, entendimento, ciência e conselho.

Obrigado por responder ao meu chamado, mãe!


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