Foi morto nesta segunda-feira (4), durante uma briga com outro preso, o detento Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, conhecido como Cadu, de 30 anos. Condenado a 61 anos de prisão por dois latrocínios que aconteceram em 2014, em Goiânia, Cadu também era o assassino confesso do cartunista Glauco e do filho dele, Raoni, em 2010, em Osasco, na Grande São Paulo.
A Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária (SSAP) de Goiás confirmou que a briga aconteceu durante o banho de sol no pátio do Núcleo de Custódia do Complexo Prisional, em Aparecida de Goiânia. O suspeito de matar Cadu é o preso identificado como Nilson Ferreira de Almeida.
Segundo nota da SSAP, agentes penitenciários de plantão perceberam a briga mas não conseguiram evitar a morte de Cadu. Ele foi atendido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas a equipe apenas constatou o óbito.
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O caso está sendo investigado pelo Grupo de Investigação de Homicídios (GIH) de Aparecida de Goiânia. Segundo a nota, o interno Nilson Ferreira se apresentou à direção e confessou a autoria. Disse ter usado uma arma artesanal para se defender durante a briga que, segundo o suposto autor, teria sido iniciada pela vítima. Será instaurada sindicância.
A reportagem não conseguiu localizar a família do pai do rapaz, que reside em Goiânia. Estudante de Psicologia até pouco antes de ser preso, Cadu estava detido no Núcleo de Custódia desde setembro de 2014. O local foi escolhido justamente para mantê-lo longe de outros presos, que representavam ameaça por causa da periculosidade dele.
Portador de esquizofrenia, Cadu foi condenado pela Justiça de Goiás porque matou, durante assaltos, o agente prisional Marcos Vinícius Lemes da Abadia, de 45 anos, e o estudante de direito Mateus Pinheiro de Morais, de 21, ambos em agosto de 2014. Para o Judiciário goiano, também pesaram os crimes de receptação e porte de arma, e ele acabou condenado a regime fechado.
Em decisão de 26 de agosto de 2015, a juíza Bianca Melo Cintra, da 5ª Vara Criminal de Goiânia, proferiu a sentença condenando o rapaz a 61 anos e 6 meses de prisão, sem direito a recurso em liberdade, e mencionando o "sarcasmo e o egocentrismo" do acusado, até mesmo durante o interrogatório. Ela citou visíveis sentimentos de raiva e de descaso com o Poder Judiciário e lembrou as mortes do cartunista e do filho.
"A despeito que a medida de segurança ao réu aplicada não possa ser levada em conta a torná-lo reincidente ou possuidor de maus antecedentes criminais, o fato de já ter ceifado a vida de dois seres humanos não obstante inimputável à época (2010), indica sua repulsa ao bem maior alheio", afirmou a juíza.
A decisão diferiu da punição pelas mortes em Osasco, onde a Justiça considerou, pelo laudo de esquizofrenia do jovem, que ele era incapaz de responder criminalmente, recomendando a internação que progrediria à liberdade com tratamento psiquiátrico, passível de ocorrer em Goiânia - onde o pai dele residia e onde existe o Programa de Atenção Integral ao Louco Infrator (Paili), que faria o acompanhamento.
Contudo, os crimes em Goiânia aconteceram um ano depois de ele ser liberado para conviver em sociedade, situação que dependia de manter o acompanhamento psiquiátrico, que, no entanto, Cadu passou a evitar.