O goleiro Bruno Fernandes de Souza alegou na noite de hoje ter sido ameaçado dentro do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP) da Polícia Civil mineira. Em depoimento à Justiça no processo que responde com mais oito acusados pelo sequestro e assassinato da ex-amante Eliza Samudio, o jogador acusa policiais de tê-lo ameaçado, torturado outros réus e ainda tentado extorqui-lo para que o livrasse do crime. E afirmou que dois amigos, "jogadores famosos", teriam visto a jovem, em São Paulo, após ela deixar o sítio de Bruno em Esmeraldas, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Bruno disse à juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, do Tribunal do Júri do Fórum de Contagem, que quando o delegado Edson Moreira, chefe do DIHPP e responsável pela coordenação das investigações sobre o desaparecimento de Eliza, tentou interrogá-lo, fez referências à sua família. "Ele disse que sabia onde moravam minha mãe e minhas filhas", acusou. Mãe, no caso, é a avó do jogador, que o criou. Bruno ainda alegou que o policial mostrou a ele um jornal com fotos das filhas do atleta. "Por isso que eu não falei nada", acrescentou, explicando porque recusou-se a depor no inquérito policial.
Ele também afirmou à magistrada que não foi torturado fisicamente, mas foi informado de que outros acusados do crime teriam sido. E citou seu braço direito, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, que teria sido agredido pelo delegado Júlio Wilke. Foram citados seu primo, Sérgio Rosa Sales, que teria sido vítima de "uma mulher", e outro primo, de 17 anos, que teria sido torturado pela delegada Ana Maria dos Santos, chefe da Delegacia de Homicídios de Contagem, além do administrador de seu sítio em Esmeraldas, Elenilson Vitor da Silva.
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O goleiro relatou que conheceu na Penitenciária Nelson Hungria o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de ter executado Eliza. Ele disse ao jogador que Edson Moreira teria pedido R$ 2 milhões para livrar o ex-policial e Bruno no inquérito e acusar apenas Macarrão e o menor. O promotor Gustavo Fantini disse que pedirá abertura de investigação sobre as denúncias.
Famosos
Além disso, o jogador afirmou que um dia antes de ser preso, em julho, quando as investigações sobre o desaparecimento de Eliza já haviam ganhado destaque na mídia, dois jogadores de São Paulo, que seriam seus amigos, ligaram para dizer que haviam visto a jovem na capital paulista, em 11 e 12 de junho, um dia após ter sido vista pela última vez no sítio do atleta em Esmeraldas.
Mas Bruno não quis revelar quem são os atletas. Apenas confirmou que são jogadores de futebol e que "são famosos e podem ser comprometidos". "Mas tem um famoso preso", argumentou Marixa Lopes. Caso seja mandado a Júri, o goleiro pode ser condenado a mais de 30 anos de prisão.