No Brasil, estima-se que 1,5 milhão de pessoas desconhecem ser portadoras do vírus da hepatite C. A doença afeta cerca de 160 milhões de pessoas em todo o mundo e é responsável por 1,4 milhão de mortes por ano. O vírus que afeta o fígado age de forma silenciosa e quando os sintomas se manifestam, cerca de 20 ou 30 anos após o contágio, geralmente a doença já se encontra em um estágio avançado.
Vinte e cinco por cento dos casos de câncer de fígado têm como causa a hepatite C, por isso o diagnóstico e tratamento precoces são fundamentais para que a doença não evolua para as fases mais críticas. O exame anti-HCV está disponível gratuitamente na rede pública de saúde, mas nem sempre é pedido por médicos como exame de rotina e especialistas defendem que o sucesso do trabalho de combate e erradicação da hepatite C no Brasil depende do aumento das notificações.
Para elevar o número de diagnóstico e chegar aos cerca de 1,5 milhão de pessoas que convivem com o vírus da hepatite C sem saber, foi lançada no mês de agosto, em São Paulo, a campanha Peça o teste anti-HCV, que pretende envolver os profissionais de saúde do País, de várias áreas de especialidades, na luta pela erradicação da doença. A campanha, realizada pela companhia farmacêutica AbbVie, conta com o apoio das sociedades brasileiras de Hepatologia e Infectologia e da Associação Médica Brasileira.
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O objetivo é incentivar a classe médica a incluírem o teste para diagnóstico da hepatite C nos exames de rotina. "Hoje, o problema da hepatite C no Brasil não é mais o tratamento, é o diagnóstico, por isso a importância do exame", reforçou o presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia, Edmundo Lopes. "É uma questão de conscientização. As ONGs de HIV são muito fortes enquanto que o trabalho para prevenir e combater as hepatites e outras doenças infecciosas não é tão forte, mas é viável. Com a campanha, podemos acabar com a hepatite C como acabamos com a poliomielite e outras viroses."
O público-alvo da campanha é a população acima dos 40 anos de idade, nascida até 1975. "Quem fez transfusão de sangue antes disso, a probabilidade de contaminação é muito alta porque não existia controle nos bancos de sangue. O vírus foi detectado em 1989 nos Estados Unidos e os testes chegaram ao Brasil no início da década de 1990. A outra coisa que é um marco na disseminação da hepatite C é a troca da seringa de vidro pela seringa de plástico, descartável", explicou Lopes. Pessoas que têm outras doenças, como diabetes, também estão no alvo da campanha em razão da evolução mais rápida da hepatite C em pessoas diabéticas.