Christian Perillier Schneider, presidente em exercício do Instituto de Previdência Complementar (Postalis), o fundo de pensão dos Correios, foi afastado junto com outros 11 integrantes dos conselhos Deliberativo e Fiscal do órgão na terça-feira (3).
Os afastamentos se deram juntamente com o decreto de intervenção do Postalis pelo prazo de 180 dias, realizado pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc).
Segundo o Postalis, a intervenção foi pelo descumprimento de normas à contabilização de reservas técnicas e aplicação de recursos. Walter de Carvalho Parente foi nomeado como interventor do fundo de pensão dos funcionários dos Correios.
Leia mais:
Programa de atualização de imóvel termina na próxima segunda; entenda
Pará lidera relatos de aparição de óvnis à Aeronáutica, mostra levantamento
Conheça o movimento 'antitrampo', que pressiona pelo fim da escala 6x1
CNU divulga notas preliminares das provas discursivas e redações; saiba consultar
Christian Schneider assumiu o cargo de presidência do Postalis na última sexta-feira (29). Ele foi presidente da Sercomtel durante a gestão do prefeito Alexandre Kireeff em Londrina.
Procurado pela reportagem, Schneider confirmou o afastamento dele e do diretor de benefícios em exercício, Luiz Alberto Menezes Barreto, além de todos os integrantes do Conselho Deliberativo e do Conselho Fiscal.
No entanto, Schneider afirmou que os afastados não tiveram acesso aos documentos. "Não fomos comunicados nem autuados. Ficamos sabendo do afastamento pelo Diário Oficial. Mas já estamos providenciando um requerimento para podermos ter acesso e descobrir o que está acontecendo."
Sobre o problema que motivou a intervenção, Schneider explicou que tudo aconteceu antes da chegada do grupo que foi afastado. "Eu cheguei aqui há um ano para corrigir o que estava acontecendo. Estamos aguardando mais informações para podermos nos manifestar."
De acordo com Schneider, a composição da diretoria e dos conselhos estava sendo trocada. "Estamos em dois na diretoria, mas era para sermos em quatro. Na sexta-feira, a Previc me habilitou para ser presidente, após renúncia do presidente anterior. De sexta para cá, só escrevi meu ato de posse e hoje [quarta-feira] fiquei sabendo do afastamento."
Conforme Christian, o ex-presidente e os outros integrantes do conselho que saíram antes da intervenção também foram notificados pela Previc.
Além dos afastamentos, a Previc declarou também a indisponibilidade dos bens dos funcionários, tantos dos membros atuais, como dos que ocuparam os postos no último ano.
O diretor do jurídico do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares do Rio de Janeiro (Sintect-RJ), Marcos Sant'Aguida, informou que os representantes nacionais da categoria vão se reunir ainda nesta quarta-feira (4) para tirar uma posição conjunta sobre a intervenção.
Devem participar da reunião a Federação Interestadual dos Trabalhadores dos Correios (Findect) e as associações dos Aposentados, dos Advogados e dos Administradores Postais.
Em nota, o Postalis esclarece que os pagamentos de benefícios, empréstimos e demais serviços prestados aos quase 140 mil participantes dos planos BD e PostalPrev permanecem garantidos. O atendimento nos Núcleos Regionais também continuará sendo efetuado normalmente.
"O interventor [Walter de Carvalho Parente] passou o dia de hoje [quarta-feira] reunido com os gestores das áreas técnicas para determinar as novas diretrizes e procedimentos a serem seguidos pela entidade."
Postalis
O Postalis é a quinta entidade de previdência complementar que foi alvo de intervenção da Previc. Além da caixa previdenciária dos funcionários dos Correios, também tiveram intervenção pelo órgão regulador: Capaf (de 2011 a 2016), Geapprevidencia (de 2013 a 2017), Portus (de 2011 a 2016) e Serpros (2016 a 2017).
O Postalis tem dois planos de previdência, o mais antigo é que registra déficit, de R$ 7,4 bilhões. Esse plano reúne 84,2 mil participantes e todos contribuem para cobrir o saldo negativo.
A entidade é investigada na CPI dos Fundos de Pensão e, em abril, o Tribunal de Contas da União (TCU) identificou prejuízo de mais de R$ 1 bilhão no fundo, decretando o bloqueio de bens de ex-diretores.
(Atualizada às 20h)