A foto de uma criança fardada segurando cassetete e algemas publicada na noite de terça-feira (2) nas redes sociais da Polícia Militar (PM) de São Paulo deixou diversos internautas revoltados. Em nota, a PM diz que a "farda simboliza valores fundamentais para a comunidade".
Com o intuito de dar "boa noite" aos seguidores, a foto tinha a hashtag #podeconfiarpmesp. Mas a repercussão foi bem diferente e o ato recebeu críticas dos seguidores do Twitter, como "se ela soubesse o que vocês fazem, choraria de medo dessa farda", "só faltou colocar um revólver na mão da criança. #semnocao", "já vem com minispray de pimenta e bombinha de gás lacrimogêneo?", "banalização e culto à repressão, deveria ser crime", "que absurdo, quem foi o irresponsável que aprovou isso? Isso é uma vergonha", entre outros comentários dos membros da rede social.
Depois da repercussão negativa, as publicações foram deletadas das páginas da web.
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Já na página do Facebook, a maioria dos comentários foi favorável à publicação da foto: "Essa pode me prender kkkkk linda foto parabéns", "Boa noite Guerreiros!!! Muito bacana essa pequena PM, já tem perfil de policial !!! Ótimo trabalho à toda Corporação !!!", "Boa noite. Quero fazer uma roupa assim pra minha neta. Linda essa princesa", entre outros.
Em entrevista ao G1, o coordenador estadual do Movimento Nacional de Direitos Humanos e um dos fundadores da Comissão da Criança e do Adolescente do Conselho Federal da OAB, Ariel Castro Alvez, lembra que a situação coloca a criança em uma situação de constrangimento. "A criança é colocada em uma situação constrangedora, vexatória. Foi exposta com uma arma, ainda que não seja uma arma de fogo, mas armas usadas para reprimir, como o cassetete e a algema para prender. Não são brinquedos: fazem parte dos instrumentos de trabalho da corporação. Houve uma utilização indevida. Foi claramente entregue por um adulto que faz parte da corporação", completou.
Para Ariel, a foto pode gerar problemas para a criança no futuro. "Por ela ter sido colocada com símbolos de repressão e violência de uma polícia vista como repressiva, ela pode passar por situações de constrangimento na escola".
O coordenador acredita que a polícia deva retirar a foto ou se retratar. Castro também afirmou que vai pedir ao setor de Direitos Humanos do Ministério Público de São Paulo que analise o caso. A Polícia Militar, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que as fotos publicadas nas redes sociais são enviadas por internautas. Além disso, afirmou em nota, que a farda simboliza, entre outras coisas, "honra" e "civismo".
"A Polícia Militar informa que as fotos são enviadas, como em inúmeras outras situações anteriores publicadas, por internautas ou selecionadas por outras mídias sociais, de caráter público. A farda simboliza valores fundamentais para a comunidade, tais como: o patriotismo, a proteção, o civismo, a honestidade, a honra, a coragem e a dignidade humana. Também simboliza o juramento, o sacrifício, muitas vezes da própria vida, representado pelos 7 policiais militares assassinados em 35 dias nesse ano, em prol do bem comum, ato nobre nos países mais desenvolvidos, pois é símbolo de orgulho para tais sociedades", diz a nota.
(com informações do site G1)