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Operação Carne Fraca

Fraudadores produziam carne com substâncias cancerígenas, diz delegado da PF

Agência Estado
17 mar 2017 às 13:26

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O delegado da Polícia Federal responsável pela Operação Carne Fraca, Maurício Moscardi Grillo, afirmou nesta sexta-feira (17), que a investigação mostra que a preocupação das duas maiores empresas alimentícias, a JBS e a BRF, era com seus cofres em detrimento da saúde pública da população. A declaração foi dada durante entrevista coletiva sobre a operação em Curitiba.

Segundo o delegado, há cerca de 40 pessoas jurídicas envolvidas no esquema que incluía venda de produtos vencidos com a embalagem modificada. "O que interessa para esses grandes grupos é o mercado independente da saúde pública da população. Há uma falsa preocupação das empresas com a sociedade", disse o delegado. Em outro braço do esquema, grupos criminosos pagavam propina para partidos políticos.

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Segundo Grillo, foi identificado envolvimento do PP e do PMDB. Mas, de acordo com ele, essa parte não foi aprofundada porque o foco da investigação era a saúde pública, corrupção e lavagem de dinheiro.

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Grillo explicou que os proprietários das empresas se beneficiavam do esquema e estavam dentro da situação, portanto não eram vítimas, mas corruptores. Segundo ele, também estavam envolvidos o ex-superintendente do Ministério da Pesca e da Agricultura no Paraná, o superintende de Goiás e um alto funcionário em Minas Gerais.

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No caso da Superintendência de Goiás, Grillo disse que havia facilitação para enviar mercadoria contaminada com salmonella para o exterior. O delegado disse que havia pedido intervenção nessa fábrica no interior de Goiás, mas que o juiz solicitou que a investigação fosse realizada pelo Ministério da Agricultura.


Itens cancerígenos

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A operação Carne Fraca encontrou uma série de irregularidades na fabricação e comercialização de proteínas no País, com investigação concentrada no Paraná, mas também com desdobramentos em outros Estados, como Goiás e Minas Gerais.


A operação apura o envolvimento de fiscais do Ministério da Agricultura em esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos, incluindo grandes empresas como BRF e JBS.

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O delegado Moscardi Grillo disse na coletiva que as algumas das empresas investigadas usavam ácido e outros elementos químicos muito acima do permitido por lei para maquiar o aspecto físico de alimento vencidos e estragados. "Alguns são cancerígenos e usados para poder maquiar a característica física", afirmou Grillo.


Ele disse que estas irregularidades foram encontradas principalmente em frigoríficos menores do Sul do País, mas não só. Ele disse ainda que algumas empresas injetavam água para aumentar o peso da carne.

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O delegado afirmou ainda que também foi encontrada carne processada, em que na verdade não havia proteína animal e sim, soja. "Inclusive há uma destas empresas que forneciam merenda escolar no Paraná que não havia carne dentro, era proteína de soja", disse afirmando se tratar do Frigorífico Souza Ramos.


A Polícia Federal citou ainda casos de Salmonella - bactéria que causa infecção em humanos e pode ser transmitida por alimentos. Neste casos, fiscais do governo federal recebiam propina para liberar a comercialização do produto contaminado. "Encontramos também pagamento de propina para fabricação de proteína em fábricas contaminadas com Salmonella", afirmou.

Ele disse ainda que contêineres com alimento contaminado, com destino à exportação para Europa, também foram encontrados.


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