A Justiça Federal decretou nova prisão preventiva do doleiro Alberto Youssef - alvo da Operação Lava Jato -, desta vez por lavagem de R$ 1,16 milhão do mensalão. A decisão foi tomada pelo juiz Sérgio Fernando Moro, da Justiça Federal em Curitiba. Youssef está sob custódia desde março, quando a Justiça expediu uma primeira ordem de prisão contra ele.
Neste novo episódio, Sérgio Moro também decretou a prisão do doleiro Carlos Habib Chater, o "Zezé", e de mais dois envolvidos na trama de lavagem de dinheiro do mensalão - maior escândalo da era Lula -, Carlos Alberto Pereira da Costa, e Ediel Viana da Silva.
O juiz abriu nova ação penal contra Youssef e seus pares por lavagem, formação de quadrilha e apropriação indébita.
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Segundo denúncia do Ministério Público Federal, os acusados teriam lavado "recursos criminosos" de titularidade do ex-deputado federal José Janene, líder do PP na Câmara na época do mensalão. O dinheiro teria sido usado para investimentos em empreendimento industrial em Londrina (PR), constituindo a empresa Dunel Indústria.
A Procuradoria da República relata que o ex-deputado, que morreu em setembro de 2010, foi denunciado na Ação Penal 470 (Mensalão), perante o Supremo Tribunal Federal, "restando provado naqueles autos o recebimento por ele e por outros deputados do Partido Progressista, por quinze vezes, de propina, no montante de cerca de R$ 4,1 milhões no esquema fraudulento conduzido por Marcos Valério Fernandes de Souza".
Janene escapou da condenação no processo do mensalão porque morreu antes do julgamento do STF. Segundo a denúncia, R$ 1,16 milhão que Janene teria recebido no mensalão foram "investidos sub-repticiamente em empreendimento industrial em Londrina, especificamente na empresa Dunel Indústria". A Procuradoria denunciou 10 envolvidos, inclusive uma filha de Janene.
"A realização das transações dissimuladas, com utilização de terceiros e de pessoas interpostas, constitui indício significativo da própria origem criminosa dos recursos envolvidos", destaca o juiz Sérgio Moro. "Afinal, fossem recursos lícitos, o natural seria a realização de transações pelo próprio ex-deputado (José Janene), sem recorrer a terceiros e a operações dissimuladas."
Para o magistrado, "o fato, em tese, configura crime de lavagem de dinheiro, tendo por antecedentes crimes contra a administração pública, tendo havido a consumação em Londrina, já que transações dissimuladas consistiam em investimento realizado para empreendimento industrial naquela localidade".
Ao mandar prender Youssef, Zezé e outros dois acusados (Carlos Alberto Pereira da Costa e Ediel Viana da Silva), o juiz Sérgio Moro anotou sobre a necessidade de "resguardar a ordem pública e a instrução criminal".