O pintor Jorge Luiz Morais de Oliveira, de 42 anos, conhecido como "Monstro da Alba", confessou ter assassinado seis vítimas na casa onde vivia, na comunidade da Favela Alba, na zona sul. A Polícia Civil investiga se ele está ligado aos desaparecimentos de 30 pessoas registrados em boletins de ocorrência na região do Jabaquara. Ao todo, sete corpos foram achados enterrados em sua residência.
De acordo com o delegado Jorge Carrasco, titular da 2ª Delegacia Seccional, o pintor assassinava as vítimas por esganadura com as mãos ou fios. Oliveira, que usava entorpecentes com as vítimas antes de matá-las, teria medo de que elas contassem para criminosos da Favela Alba que, no tempo em que esteve preso, ele era "oposição ao Primeiro Comando da Capital (PCC)". "Por ele ter cumprido pena de homicídio por 19 anos, tinha um comportamento no sistema prisional de oposição a qualquer facção", disse.
O pintor conhecia as vítimas dentro de um imóvel abandonado na Rua Professor Emydio de Fonseca Telles. O local é conhecido como "Casa dos Noias". Segundo moradores da região, dezenas de viciados se reuniam no local desde o início do ano. Com o passar dos meses, a quantidade diminuiu. Os moradores acreditam que o acusado assassinou os dependentes químicos, hipótese que é investigada.
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Após dividir o consumo de drogas, o assassino convidava as vítimas para ir até sua casa, em um beco a cerca de 200 metros do local. Lá, segundo a polícia, ele as matava e enterrava. Nesta terça-feira, 29, equipes da perícia procuravam restos mortais sob o contrapiso do cômodo onde Oliveira morava. Também serão feitas buscas na casa dos pais e do irmão - no mesmo terreno - e na Casa dos Noias.
O advogado do pintor, André Nino, disse que ainda não estabeleceu uma linha de defesa para o indiciado. Apesar de confirmar que o cliente confessou parte dos crimes, ele diz que ainda não é possível afirmar se Oliveira é autor de todos os homicídios. "Ele está muito confuso pelo uso de entorpecentes."
Desaparecidos
Na tarde desta terça, a dona de casa Fátima Dondoni, de 46 anos, foi ao 16.º Distrito Policial (Vila Clementino) para tentar identificar o corpo do filho, o prestador de serviços Kevyn Dondoni, de 23 anos, desaparecido desde o início do ano. Ela disse ter identificado peças de roupa dele por meio de imagens de reportagens de televisão sobre o caso. "Eu identifiquei a calça dele quando uma das pessoas que estavam lá mexeu nas roupas. Ele frequentava o lugar para cortar o cabelo e ver os amigos. Como as vestes batem, eu fui atrás", disse.
Segundo a polícia, ainda não é possível confirmar se a identificação de alguns dos corpos ou ossos pertencem a Kevyn. Os restos mortais serão submetidos a exames de DNA. Por enquanto, a única vítima identificada é Carlos Neto Alves de Matos Júnior.
Igreja
O acusado vivia em uma casa que divide o muro com a igreja evangélica pentecostal Cristo Reinará. Segundo o pastor Arquimedes Dias dos Santos, de 70 anos, o pintor aparentava ser uma pessoa normal. "Isso que aconteceu com ele só pode ser efeito das drogas, que têm deixado a juventude louca. A gente falava para ele ir para igreja", disse o pastor.