Desde o início do ano, 27 pessoas foram mortas por policiais na capital paulista, segundo levantamento da Ouvidoria das Polícias do Estado de São Paulo. Os números, repassados à Agência Brasil, indicam que pelo menos seis casos ocorreram no feriado de carnaval e na Quarta-Feira de Cinzas.
Na terça-feira (9), duas pessoas foram mortas por policiais, uma delas por um agente que estava de folga, na região do Morumbi, zona oeste paulistana. "Quando ele [policial] se apresenta como de folga, na realidade ele está no bico, exercendo uma função que ele não poderia estar exercendo", disse o ouvidor das polícias, Júlio César Fernandes, referindo-se aos agentes que fazem trabalhos extras como seguranças privados.
Ontem (10), a ouvidoria registrou três casos: dois classificados como confronto, na zona norte, e o outro, com duas mortes, também na região do Morumbi. Em fevereiro, há ainda mais um caso, no último dia 3, na Vila Leopoldina, zona oeste da cidade.
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Em janeiro, foram contabilizados pela ouvidoria um total de 20 mortes causadas por policiais. "É bem violento. A coisa continua em ritmo de escalada", destacou o ouvidor sobre o número de ocorrências.
Em 2015, segundo a ouvidoria, policiais mataram 862 pessoas em todo o estado de São Paulo. "O que nós achamos um negócio absurdo, fora de propósito", enfatizou o ouvidor sobre os números do ano passado.
Para Fernandes, a elevada letalidade policial está ligada à falta de apuração dos casos e punição dos agentes envolvidos. "O que vem ocorrendo é que esses inquéritos e esses boletins de ocorrência são classificados como confronto e no fim vai tudo para o arquivo", criticou.
Como forma de aumentar o rigor das investigações, o ouvidor defende a reativação da comissão da letalidade, grupo com representantes dos órgãos de segurança pública e da sociedade civil que acompanhava inquéritos desse tipo. "Precisamos que a comissão da letalidade seja reativada no âmbito da Secretaria de Segurança Pública, para que não só o comando da Polícia Militar, mas a sociedade civil veja caso por caso as razões de isso estar acontecendo".
A Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo disse que só vai comentar os números da letalidade policial na próxima divulgação oficial das estatísticas, que são apresentadas trimestralmente.