A psicóloga Karen Tannhauser foi encontrada em estado de choque, sem ferimentos aparentes e suja de fezes. Ela foi achada dentro do porta-malas do carro do síndico do condomínio em que mora, no Jardim Botânico, zona sul do Rio de Janeiro. A psicóloga não conseguiu contar para a família o que havia acontecido. Disse apenas: "É uma besteira pensar que alguém estava comigo. Eu fiz tudo sozinha."
Karen Tannhauser, de 37 anos, não era vista desde a tarde de 31 de dezembro. Ela foi filmada pelas câmeras de segurança chegando ao seu prédio na tarde de sexta-feira, mas não havia registro de que tivesse deixado o edifício. A polícia e amigos acreditam que a psicóloga possa ter sofrido um surto. Ela foi levada para o Hospital Municipal Miguel Couto, no Leblon, onde passou por exames.
A 15.ª Delegacia de Polícia (Gávea) foi notificada ontem do caso pela família. Sem mandato judicial, os agentes não entraram nos apartamentos. Vistoriaram áreas comuns do prédio: poço dos elevadores, cisterna, lixeira e corredores. A família temia alguma falha no sistema de segurança.
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Na tarde de hoje, vizinhos auxiliavam os policiais andando por pontos da garagem - único acesso ao prédio, já que a outra passagem está em obras - para que os agentes pudessem observar se havia algum ponto cego onde as câmeras não conseguiriam captar as imagens. Nesse momento, Karen foi encontrada pelo síndico no porta-malas do seu carro.
A irmã, Patrícia, foi chamada, mas teve medo de encontrar Karen morta. Pediu que uma vizinha fosse na frente. "Pode vir, Patrícia, que ela está viva e em pé", afirmou. Inicialmente, a psicóloga não reconheceu a irmã. Apenas pediu água.
Não se sabe como Karen foi parar no carro. O veículo foi usado pelo proprietário na manhã de hoje, quando foi ao supermercado. Na volta, retirou as compras do porta-malas e deixou o compartimento aberto, enquanto subia ao seu apartamento. Pediu ao filho adolescente que voltasse para fechar o carro. O garoto já teria encontrado a porta um pouco abaixada e apenas a forçou. Depois, o síndico desceu para pegar ferramentas. Ao abrir o veículo, Karen saltou do porta-malas.
Caso médico
"Não é um caso policial. Se é um caso médico os profissionais da área vão avaliar", disse a delegada Bárbara Lomba. "Ela está muito abalada e não quis forçá-la a falar. Ela agiu por questões pessoais." De acordo com a delegada, Karen passou os três dias vagando pelo prédio. Amigos contaram ela está sob tratamento psiquiátrico e toma antidepressivos. A psicóloga receberia alta ainda hoje e seguiria para a casa de uma amiga.
Karen e a mãe, Sônia Tannhauser, saíram de casa na manhã de sexta-feira e foram a um salão de beleza no Shopping da Gávea. A psicóloga comprou um vestido para o réveillon e, de lá, foi almoçar com o namorado, que a deixou em casa às 14 horas. Quando Sônia voltou para casa, não encontrou a filha.
A família começou a procura por Karen quando o namorado apareceu para buscá-la para uma festa, às 19h30. No quarto encontraram objetos pessoais, como o celular, carteira, documentos e o vestido que havia comprado para a virada do ano.
Hoje pela manhã, Sônia havia feito um apelo emocionado. "Eu como mãe peço a quem souber onde está a Karen que ligue para a gente. Nós vamos recebê-la de braços abertos. Está todo mundo querendo saber onde ela está, como está, dê uma notícia para a gente. A gente está de mãos atadas e não sabe o que fazer. Só sabe rezar e chorar", afirmou.