Desde o último mês, recenseadores contratados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) têm reclamado de atrasos no pagamento de seus salários. Segundo o estudante F.B., que preferiu não se identificar, "o Instituto não é transparente quanto aos pagamentos e aos atrasos".
O estudante, que se desligou da ocupação de recenseador em dezembro de 2022, afirma que, ao questionar sua coordenação a respeito do problema, seus superiores afirmaram não ter contato com o setor de RH (Recursos Humanos) do IBGE.
"A pessoa que me coordenava disse apenas que o atraso aconteceu por conta da mudança de governo, que prejudicou a liberação da verba. Mas o IBGE, oficialmente, não se posicionou. Acredito que tenham outros recenseadores nessa mesma situação", pontua F.B.
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A suposição do estudante, de fato, está correta. Nas redes sociais, recenseadores de todo o Brasil têm reclamado e cobrado posições do Instituto.
A coisa que mais me dói é não receber pelo que trabalhei, @ibgecomunica
— Agroboy (@CeciNet0) January 17, 2023
Quando vão pagar os recenseadores? Quando vão atualizar aa contribuições do INSS?
Publicidade— Didi (@Sofia_Charlote) January 17, 2023
eu só queria receber kkkk
— | LordCrow | (@LordCrow_Art) January 16, 2023
trabalhei 2 meses no @ibgecomunica e esse povo ainda não me pagou!
No Twitter, em resposta às postagens que mencionam diretamente o órgão, o IBGE responde com uma mensagem automática, na qual pede para que os recenseadores preencham um formulário disponível no site oficial.
A resposta não tem agradado os recenseadores, que afirmam não receber respostas e posicionamentos oficiais por parte do Instituto.
Mais um formulário? Do que adianta se não me respondem?
Publicidade— Didi (@Sofia_Charlote) January 17, 2023
O recenseador H.B., que também não quis se identificar, afirma que o IBGE alerta os profissionais sobre o prazo de 15 dias para o pagamento dos valores, que são calculados de acordo com o número de cidadãos entrevistados.
Em tese, ao longo deste período, o Instituto realiza a supervisão do trabalho e, então, o pagamento dos recenseadores.
Para H.B., que ainda trabalha no Instituto, o atraso no pagamento dos salários traz uma série de problemas aos recenseadores, que, muitas vezes, precisam gastar, inclusive, com deslocamento e alimentação.
"Eles [o IBGE] fornecem vale transporte, mas muitas vezes não é suficiente. Além disso, acho que poderiam oferecer um suporte melhor aos recenseadores", argumenta.
O estudante F.B., que já teve outro pagamento atrasado há alguns meses, afirma que a falta de previsão de recebimento do salário impacta suas finanças pessoais. "Preciso do dinheiro para pagar aluguel e outras contas que já passaram do prazo e não há pronunciamento oficial", conta o ex-recenseador.
POSICIONAMENTO
De acordo com a coordenação da regional de Londrina do IBGE, os atrasos nos pagamentos estão relacionados à virada do ano financeiro. Todo início de ano, para todos os entes públicos federais, os recursos são mais demorados para serem efetivamente pagos, apesar de já estarem empenhados (reservados). Somado a esse fato, houve uma mudança do ordenador de despesas do IBGE por conta das alterações no Ministério do Planejamento. Isso, na realidade, é praxe em toda mudança de governo. Esta semana no entanto, todos os pagamentos represados estão sendo retomados e até semana que vem, esperamos normalizar a situação", informou em nota o coordenador Fábio Fujimoto.
Segundo ele, o IBGE procura sempre atender aos recenseadores com relação a questionamentos sobre pagamentos, consultando as folhas e tentando dar uma previsão de efetivo pagamento. "Cabe destacar que o pagamento aos recenseadores é feito por produção e muitas vezes é preciso proceder com correções no setor de trabalho para que possamos efetivamente liberar pagamento. Essas correções vão desde a reordenação na sequência dos endereços, como a tentativa de realizar entrevistas em domicílios com moradores ausentes e reversão de recusas." (Colaborou Guilherme Marconi, repórter do Bonde)