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Revoltante

Sem RG, aposentada é expulsa de ônibus e deixada em rodovia

Agência Estado
13 jan 2015 às 12:05

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Apesar de a lei federal garantir passagem de ônibus gratuita para idosos desde 2003, a aposentada Adairde Aparecida Del Rio, de 73 anos, foi expulsa de um ônibus interurbano da Viação Celico e deixada às margens de uma rodovia no interior de São Paulo, no meio da viagem, porque não tinha dinheiro para pagar o bilhete, embora tivesse embarcado com uma carteira de idoso.

Moradora de Neves Paulista, no interior de São Paulo, Adairde embarcou na rodoviária com destino a São José do Rio Preto, distante 33 quilômetros, onde passaria por uma consulta médica para avaliar o pós-operatório de uma cirurgia que tinha feito no joelho.

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Como de costume, Adairde deveria usar o ônibus de outra empresa, Itamarati, mas perdeu o horário. Para também não perder a consulta, decidiu usar outro ônibus, da Viação Celico, que saía logo em seguida. "Apresentei uma carteirinha de aposentada da Itamarati porque tinha esquecido o RG e o celular em casa. Como essa carteirinha tem foto, o motorista a aceitou e me deixou embarcar", contou a aposentada.

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Entretanto, praticamente no meio do percurso, o cobrador do ônibus pediu o RG de Adairde e não aceitou a carteirinha da outra empresa, exigindo que ela pagasse a passagem. "Eu disse que não tinha dinheiro da passagem, pois sempre viajava sem pagar. Mas ele não aceitou e me expulsou do ônibus, me deixando em plena rodovia", afirmou a aposentada. "Expliquei que tinha acabado de sair de uma cirurgia no joelho e não poderia andar muito, mas não adiantou".

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Adairde lembra que foi deixada nas proximidades de um loteamento de chácaras rurais perto de Jaci e, sem celular para se comunicar com parentes, teve de caminhar e parar diversas vezes por cerca de uma hora, até que uma mulher, chamada Vera, moradora em Neves Paulista, passou de carro e parou ao ver a aposentada chorando. "Essa mulher me salvou porque eu não sabia o que fazer. Ela me trouxe de volta a Neves Paulista", contou.


"Estou muito indignada. Meus direitos não foram respeitados. Foi uma humilhação muito grande e eu ainda não me recuperei disso", afirmou. "Por que, se o motorista aceitou, o cobrador não aceitou a minha identidade de aposentada?", questiona. O fato ocorreu na tarde uma sexta-feira, 13 de junho, de 2014. "Na segunda-feira fui até a Delegacia de Polícia e registrei uma queixa", contou.

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O delegado de Neves Paulista, Lincoln Marques de Oliveira, disse que o caso está sendo investigado à luz do artigo 96 do Estatuto do Idoso, que pune com pena de reclusão de seis meses a um ano e multa quem discriminar pessoa idosa "impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade".


Segundo o delegado, a empresa demorou a apresentar a identificação do motorista do ônibus. "Houve uma resistência da empresa em nos fornecer o nome do condutor do veículo para que possamos ouvi-lo. Mas remetemos uma precatória para que nos forneça a informação o mais rápido possível", afirmou Oliveira. De acordo com o delegado, uma vez identificado o motorista, será possível dar prosseguimento ao caso.

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A agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) informou que não tinha conhecimento do caso, mas que agora vai cobrar explicações da empresa e apurar a conduta adotada.


Outro lado

O advogado da Celico, Marco Antônio Cais, disse que tomou conhecimento do caso na quarta-feira, 7, mas que a empresa já tinha ouvido o motorista e o cobrador do ônibus e que ambos disseram que a Adairde não pôde embarcar porque estava sem RG e com uma carteirinha sem foto. "O que sabemos até agora é que este fato (a idosa ter embarcado e sido expulsa do ônibus) nem aconteceu", afirmou. "Além disso, não recebemos nenhuma reclamação ou comunicado da polícia relatando o caso", afirmou. "No entanto, ainda estamos apurando melhor essa história, mas já aviso que a empresa não deixa ninguém em rodovia, como estão alegando", declarou. Segundo ele, se ocorrer um caso semelhante, o passageiro deve ser deixado no próximo ponto, no caso a rodoviária da cidade destino. "Mas se ficar comprovado que o fato não ocorreu, a empresa vai tomar as medidas contra a divulgação de informações sobre o caso em redes sociais", completou.


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