Ossadas humanas, parte de uma calçada em pedra antiga 20 cm abaixo do nível da pavimentação atual e fragmentos de artefatos são alguns dos vestígios encontrados pelos arqueólogos durante as obras de restauração arquitetônica da Catedral da Sé de Nossa Senhora da Assunção, em Mariana/MG, contratadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), no âmbito do PAC das Cidades Históricas.
Conforme a equipe de arqueólogos responsáveis da empresa Stratus Arqueologia, a pesquisa realizada no entorno da Catedral da Sé tem revelado importantes aspectos do cotidiano dos moradores da cidade durante o século XIX. Em particular, destacam-se os sepultamentos coletivos e os objetos associados a eles, especialmente, os cachimbos.
Tratam-se de sepultamentos de segmentos da sociedade que foram marginalizados durante todo o período colonial e imperial, escravos e pessoas menos abastadas que tiveram pouca ou nenhuma oportunidade de registrar suas histórias, a não ser pelas fontes oficiais, elaboradas pelas mãos das autoridades e da população branca de maior poder aquisitivo. Deste modo, será possível levantar questões e aprender um pouco mais sobre a hierarquização do espaço dentro dos templos religiosos; as práticas religiosas inerentes aos ritos fúnebres; a coexistência de sistemas religiosos, como o católico e o de matriz africana; hibridismo cultural e outros.
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Parte do PAC Cidades Históricas, a obra na Catedral da Sé contratada pelo Iphan, começou em janeiro de 2016 e deve ser concluída no primeiro semestre de 2017, contemplando a restauração arquitetônica do bem tombado, além de intervenções complementares.
PAC Cidades Históricas em Mariana
Além da restauração arquitetônica da Catedral da Sé, está em andamento pelo PAC Cidades Históricas a restauração dos elementos artísticos integrados da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.
O PAC Cidades Históricas faz parte do Plano Plurianual (PPA) do Governo Federal, cujo ciclo vai até 2019. É um avanço nas políticas culturais que viabiliza por meio de investimentos juntos às prefeituras a preservação do patrimônio cultural brasileiro, valorizando a cultura e promovendo o desenvolvimento econômico e social com sustentabilidade e qualidade de vida para os cidadãos. O Programa atua em 44 cidades, de 20 estados da federação, com a disponibilização de R$ 1,6 bilhão para obras públicas.