O ataque dos Estados Unidos e Inglaterra ao Iraque não deve ter reflexos negativos no agronegócio brasileiro. E, de quebra, a recuperação econômica da Argentina, apesar de lenta, contribui para aumentar a confiança da manutenção do bom momento do setor.
A avaliação é dos fabricantes de maquinários agrícolas, que evitam falar em percentuais de crescimento, mas estimam que o ano será igual ao de 2002, na pior das hipóteses.
Para Valentino Rizzioli, presidente da Case New Holland (CNH) para a América Latina, o conflito não deve ''provocar nenhum mudança substancial que prejudique o mercado e atrapalhe os planos da empresa''.
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Rizzioli, que esteve em Rondonópolis (MT) para o lançamento de novos maquinários da montadora na Agrishow Cerrado 2003, que foi realizada entre os últimos dias 8 e 12, sustenta que, sem falar na tendência de valorização do real frente ao dólar por causa dos indicadores do País, o cenário deve ser positivo porque, em momento de conflito, as pessoas tendem a estocar alimentos. Fato que ocorreu no Iraque e mesmo nos Estados Unidos.
''Para a agricultura, o aumento do consumo é muito positivo, porque nos últimos quatro anos os estoques de alimentos têm declinado enquanto a demanda se mantém em alta. Então, é preciso aumentar a produção de alimentos.''
Com isso, Rizzioli tem expectativa otimista para este ano: o faturamento deve crescer 5% ou repetir a receita de 2002, na pior das hipóteses, quando o grupo contabilizou R$ 2,25 bilhões. Os maquinários agrícolas participaram com 65% desse montante.
Martin Mundstock, diretor de Marketing para a América do Sul da John Deere, também entende que o País pode acabar sendo beneficiado com o conflito, ao lembrar que, historicamente, ''a agricultura é o setor que retoma o crescimento no pós-guerra''.
Jim Martinez, presidente da empresa no Brasil e na América do Sul, assegura que ''o cenário de guerra não afeta o nosso negócio; por isso, as coisas devem melhorar muito neste ano''. Mundstock lembrou ainda que a Argentina está retomando o poder de compra, o que torna ainda mais positivo o cenário no mercado externo.
E lembra que o Brasil e a Argentina devem continuar elevando os embarques de soja, setor em que já superaram os Estados Unidos, maior produtor mundial da commodity.
Para Martin, o bom momento vivido pela agropecuária brasileira tem reflexos no volume de negócios do segmento de máquinas. ''O aumento do uso de tecnologia é que garante o sucesso da atividade agrícola'', opinou.
De acordo com a empresa, a receita bruta de 2002, na América do Sul, foi de cerca de US$ 350 milhões, dos quais 85% realizados no Brasil. No entanto, não revela a expectativa para este ano. ''Em uma previsão bem conservadora, estimamos repetir os mesmos números de 2002'', comentou Paulo Hermann, diretor de marketing da John Deere no Brasil.
A AGCO, fabricante de 20 marcas, das quais a mais conhecida é a Massey Ferguson, não esconde o otimismo: prevê incremento de 42,85% nas vendas deste ano, totalizando US$ 500 milhões frente aos US$ 350 milhões de 2002.
A expectativa é elevar a participação das vendas externas de 30% para 40% no faturamento de um ano para o outro, informou Werner Santos, diretor de marketing da montadora.
Carlito Eckert, diretor nacional de vendas da empresa, não acredita em efeitos negativo do conflito EUA-Iraque sobre o mercado. ''Ainda não dá para estimar as consequências. Mas uma coisa é certa: o mundo não vai deixar de comer e produzir por causa da guerra'', sentencia.