As oscilações da economia ao longo do primeiro semestre deste ano, que foram marcadas pelas crises de energia e da Argentina, tiveram pouco reflexo nas campanhas salariais no Estado. Um estudo divulgado nesta segunda-feira pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) mostra que 76% das categorias profissionais conseguiram repor a inflação acumulada nos 12 meses anteriores à data-base. Outros 18% obtiveram aumento real, enquanto 6% tiveram perdas.
O levantamento do Dieese é feito com base no Banco de Dados Salariais. Foram analisadas 252 informações sobre reajustes salariais, obtidas nos acordos e convenções coletivas entre trabalhadores e empresas. Segundo o economista do Dieese, Cid Cordeiro, os dados são semelhantes aos registrados no primeiro semestre de 2000.
Ao contrário, nos anos de 1998 e 99 foram registradas perdas nos salários da maioria das categorias profissionais. "Este ano tivemos o melhor desempenho do Plano Real, mesmo com problemas na economia", afirmou.
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Cordeiro avalia que o desempenho da economia nos três primeiros meses do ano foi decisivo para os resultados, pois foi um período que se previa um ano de crescimento econômico. No segundo trimestre começaram as sucessivas altas das taxas de juros, além dos problemas da crise de energia e da recessão argentina, que fizeram empresários de todos os setores reavaliarem suas metas de crescimento. A estimativa inicial de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 4,5% caiu para 2,2%.
O reajuste salarial variou conforme o mês de negociação. Mas em todos os casos foi tomado como referencial o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O setor da economia que mais teve ganho salarial foi o da construção civil. Cerca de 60% das profissões ligadas à construção ganharam reposição superior ao custo de vida, seguido pela indústria com 50% e pelo serviço com 35%. No comércio o reajuste ficou 21% acima do custo de vida. Já na agricultura houve perdas. Porém o segmento agrícola, registrou aumento no piso salarial devido ao reajuste do salário mínimo, que foi de 20%. Os empregados da construção civil também aumentaram o salário base. "Eles tinham salários próximos do mínimo e por isso foram beneficiados", afirmou Cordeiro.
Em torno de 30% das categorias profissionais do setor de serviço e 11% da construção civil e 10% da indústria tiveram reposição salarial que ficou abaixo da inflação.