Em meio à sensível crise do setor varejista, que tem nos gêneros de primeira necessidade seu principal comércio, o desempenho no ramo de supermercados no Parána cresceu 0,73% nos cinco primeiros meses do ano, com relação ao mesmo período do ano passado. E esse desempenho tem sido garantido, em grande parte, a uma mudança de comportamento do consumidor, que deixou de buscar marcas famosas nas prateleiras dos supermercados em troca de preços mais acessíveis.
Quem afirma isto é o superintendente da Associação Paranaense de Supermercados (Apras) Valmor Rovaris. ''2003 realmente não tem sido um bom ano para o ramo, mas acho que estamos conseguindo manter uma média razoável de comercialização no Paraná'', diz Valmor. Segundo ele, quase todos os produtos da cesta básica tiveram altas de preços abaixo do índice inflacionário. ''A exceção é o arroz, que realmente puxou a inflação para cima, devido ao aumento nos custos de produção. Tudo isso tem feito com que as redes de supermercados trabalhem com margens de lucro bem mais apertadas''.
Outro fator que impediu um crescimento mais significativo dos supermercados em 2003 foi o aumento da concorrência. ''Além do aumento do número de lojas, os administradores perceberam que têm que oferecer serviços diferenciados, como praças de alimentação e estacionamento'', explica Valmor.
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Segundo o superintendente da Apras, a renda média do trabalhador caiu 14% com relação ao ano passado. A manutenção dos índices de consumo no Paraná se deve, para Valmor, à mudança de comportamento dos clientes. ''As pessoas estão deixando de comprar produtos de marca, em busca de alternativas mais baratas''.
O consumidor confirma essa mudança de comportamento. A fidelização às marcas, buscada pelos departamentos de marketing das indústrias, tem sido substituída pela fidelização aos bons preços. ''Diminui um pouco o volume de compras, mas o que mais tenho feito é buscar produtos mais baratos'', diz a dona de casa Jaqueline Teixeira, 52 anos. ''O arroz realmente tem subido muito. Então, o que eu faço é procurar marcas com preços mais baixos, mesmo que tenha que abrir mão da qualidade'', confirma Olga Dias Oliveira, 62, estilista.
E mesmo quando o assunto é a cerveja do fim de semana, as marcas estão sendo preteridas pelos preços. ''No meu bar, por exemplo, de uns três meses para cá, as pessoas preferem beber o preço e não a marca'', brinca José Dias, 36, microempresário.
Uma melhora significativa no desempenho do setor supermercadista, para Valmor Rovaris, depende exclusivamente do panorama econômico do País nos próximos anos. ''O ramo de supermercados será, com certeza, o primeiro a sentir as melhorias do contexto econômico nacional''.