Bares e restaurantes estão retomando as atividades em algumas cidades do Brasil, especialmente em grandes polos urbanos, como Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. Os estabelecimentos que sobreviveram à crise precisaram realizar mudanças e adaptações em alguns processos para conseguir operar dentro das normas da vigilância sanitária.
Na reabertura, os protocolos de segurança exigem a redução da capacidade nos salões – em São Paulo, eles devem atender com apenas 40% da capacidade –, o aumento do distanciamento entre mesas e cadeiras – que devem respeitar dois metros entre os assentos de pessoas que não residem no mesmo local – e os talheres higienizados e embalados separadamente.
Além disso, também são necessários cardápios plastificados e limpos a cada troca de consumidor, e existe ainda a restrição ao atendimento de consumidores em pé. Nas regras, todos os clientes devem estar sentados.
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Mesmo com as diversas normas de segurança, o momento incerto e a crescente alta na taxa de contágio por coronavírus preocupam os consumidores. Para 79% deles, a percepção de higiene e limpeza será o fator determinante para que escolham o local onde comer daqui para frente, segundo a pesquisa "Impactos da Covid-19 no Consumo no Foodservice", feita pela Food Consulting, em abril.
"Neste momento, as preocupações estão exacerbadas. Além de cumprir as normas, os donos dos estabelecimentos precisam se certificar de que o cliente tenha essa percepção. Se ele não tiver sensação de segurança, nem vai entrar no restaurante", afirma Sergio Molinari, sócio-fundador da consultoria.
Para especialistas da área, o medo dos brasileiros de frequentar os espaços públicos pode ser um impulsionamento para a adoção de alternativas como o delivery. Isso porque os consumidores podem ficar mais seguros comprando comida pela aba "restaurantes perto de mim” por conhecer o local, mas sem se deslocar
até ele.
"Como o consumidor vai sair com menos frequência, os restaurantes podem garantir a proximidade investindo em kits semiprontos para finalizar em casa ou colocando à venda molhos e temperos com sua grife", diz Simone Galante, presidente da consultoria Galunion.
DIFICULDADE DOS PEQUENOS NEGÓCIOS
De acordo com o presidente da ANR (Associação Nacional dos Restaurantes), Cristiano Melles, cerca de 30% dos restaurantes de todo o Brasil não devem sobreviver à paralisação durante a pandemia. Em uma pesquisa realizada pela entidade, 21,4% das empresas ouvidas acham que não vão conseguir reabrir depois da quarentena.
Os dados também mostram que, mesmo com a adoção do delivery, os estabelecimentos chegaram a registrar uma queda de 70% no faturamento comparando a segunda quinzena de março – quando as restrições começaram – com a primeira.
O maior problema para eles é que a crise pode perdurar por mais tempo do que o fechamento. O setor estava
em expansão e era um dos responsáveis pela gastronomia mais segmentada, que levava a história dos bairros para os pratos. Segundo a Prefeitura de São Paulo, havia 23 mil cafés, bares e restaurantes espalhados pela cidade em 2016. O valor corresponde a 7,7% de todas as empresas na capital paulista.
"Haverá um retrocesso na cena gastronômica; isso é inevitável. E vai afetar mais os pequenos. Haverá uma
concentração no mercado”, diz Rodrigo Alves, diretor da ANR.