O leilão de venda da Companhia Paranaense de Energia (Copel), marcada para o próximo dia 31, deverá resumir a atual crise no setor. As distribuidoras de eletricidade acumulam um endividamento que passa de R$ 38 bilhões, segundo dados de balanço do primeiro semestre. A situação financeira já começa a comprometer operacionalmente algumas empresas e está arrastando para baixo a rentabilidade da maioria delas. A AES Sul, por exemplo, apresenta rentabilidade de -262%.
A norte-americana AES – que, além da AES Sul controla a AES Tietê, AES Uruguaiana e Eletropaulo – anunciou, na última terça-feira, sua desistência da disputa pela Copel. Foi o terceiro dos quatro mais cotados concorrentes estrangeiros a sair do páreo. Os outros dois candidatos desistentes foram a francesa EDF e a espanhola Endesa.
O motivo foi o mesmo alegado em junho pelas quatro empresas americanas de energia que haviam ingressado no País para investir em geração (Florida Power, Entergy, Sythe e LGE) e bateram em retirada: indefinição regulatória associada a um cenário de incertezas na economia.
A EDF, que controla a Light, além de sair da disputa pela Copel decidiu cortar em 13% os investimentos na distribuidora do Rio previstos para o ano que vem, que passaram de R$ 450 milhões para R$ 400 milhões. Em sérias dificuldades financeiras, a Light terá de receber um aporte da controladora para poder honrar o serviço de sua dívida.
O endividamento da empresa, segundo dados do primeiro semestre, é o maior dentre todas as companhias do setor: R$ 8,79 bilhões. O presidente da Light, Michel Gaillard, também representante da EDF no Brasil, chegou a informar, na semana passada, que a controladora francesa só voltará a investir no País se houver "uma reação do mercado".
A portuguesa EDP, que controla a distribuidora paulista Bandeirante, também chegou a estudar a participação no leilão da Copel, mas abortou o investimento. O presidente da Bandeirante, Eduardo Bernini, prefere não comentar a decisão estratégica, mas admite que a situação financeira da distribuidora paulista é "bastante preocupante". "Isto está mais visível no caso das distribuidoras, mas há desequilíbrio no setor elétrico como um todo. As distorções regulatórias estão tirando a capacidade das empresas de fazer investimentos. Os financiamentos para o setor estão cada vez mais caros e não há condições de se fazer project finance (modalidade de financiamento que tem como garantia de pagamento a produção futura do empreendimento)", afirma o executivo.
Marcos Severine, analista da corretora Sudameris, calcula que as empresas do setor elétrico vão acumular neste ano, até dezembro, um prejuízo total de R$ 9 bilhões, como resultado da alta do dólar e do racionamento energético. "O ambiente para o investidor está muito difícil e não há segurança", diz. Ele acredita que um reajuste de tarifas poderá ocorrer ainda em outubro, animando os investidores do setor. Mas aposta que o leilão da Copel contará com um único interessado – a belga Tractbel, que já controla a Gerasul, no Rio Grande do Sul.
Se isto ocorrer, não haverá ágio e a empresa paranaense sairá pelo preço mínimo de R$ 4,2 bilhões, valor considerado justo pelo mercado, que deve afastar da disputa companhias nacionais. "O leilão da Copel vai sofrer as consequências da insegurança dos investidores em relação às regras e também da dificuldade de justificar, junto à matriz, por que haverá mais investimentos no Brasil", explicou Severine.
Apesar das condições desfavoráveis do mercado, o governo do Paraná está se vendo praticamente obrigado a manter a venda. Com títulos precatórios do Banespa sendo cobrados pelo Itaú, a administração paranaense protelou o saldo do débito oferecendo como garantia a conversão de ações da Copel. O prazo para a conversão está se esgotando e, caso expire, o Itaú passará a deter o controle da Copel. Para evitar um prejuízo maior, já que o valor dos precatórios não se compara ao da Copel, o governo estadual prefere apostar as fichas na privatização, mesmo que tenha de abrir mão do ágio.
A norte-americana AES – que, além da AES Sul controla a AES Tietê, AES Uruguaiana e Eletropaulo – anunciou, na última terça-feira, sua desistência da disputa pela Copel. Foi o terceiro dos quatro mais cotados concorrentes estrangeiros a sair do páreo. Os outros dois candidatos desistentes foram a francesa EDF e a espanhola Endesa.
O motivo foi o mesmo alegado em junho pelas quatro empresas americanas de energia que haviam ingressado no País para investir em geração (Florida Power, Entergy, Sythe e LGE) e bateram em retirada: indefinição regulatória associada a um cenário de incertezas na economia.
A EDF, que controla a Light, além de sair da disputa pela Copel decidiu cortar em 13% os investimentos na distribuidora do Rio previstos para o ano que vem, que passaram de R$ 450 milhões para R$ 400 milhões. Em sérias dificuldades financeiras, a Light terá de receber um aporte da controladora para poder honrar o serviço de sua dívida.
O endividamento da empresa, segundo dados do primeiro semestre, é o maior dentre todas as companhias do setor: R$ 8,79 bilhões. O presidente da Light, Michel Gaillard, também representante da EDF no Brasil, chegou a informar, na semana passada, que a controladora francesa só voltará a investir no País se houver "uma reação do mercado".
A portuguesa EDP, que controla a distribuidora paulista Bandeirante, também chegou a estudar a participação no leilão da Copel, mas abortou o investimento. O presidente da Bandeirante, Eduardo Bernini, prefere não comentar a decisão estratégica, mas admite que a situação financeira da distribuidora paulista é "bastante preocupante". "Isto está mais visível no caso das distribuidoras, mas há desequilíbrio no setor elétrico como um todo. As distorções regulatórias estão tirando a capacidade das empresas de fazer investimentos. Os financiamentos para o setor estão cada vez mais caros e não há condições de se fazer project finance (modalidade de financiamento que tem como garantia de pagamento a produção futura do empreendimento)", afirma o executivo.
Marcos Severine, analista da corretora Sudameris, calcula que as empresas do setor elétrico vão acumular neste ano, até dezembro, um prejuízo total de R$ 9 bilhões, como resultado da alta do dólar e do racionamento energético. "O ambiente para o investidor está muito difícil e não há segurança", diz. Ele acredita que um reajuste de tarifas poderá ocorrer ainda em outubro, animando os investidores do setor. Mas aposta que o leilão da Copel contará com um único interessado – a belga Tractbel, que já controla a Gerasul, no Rio Grande do Sul.
Se isto ocorrer, não haverá ágio e a empresa paranaense sairá pelo preço mínimo de R$ 4,2 bilhões, valor considerado justo pelo mercado, que deve afastar da disputa companhias nacionais. "O leilão da Copel vai sofrer as consequências da insegurança dos investidores em relação às regras e também da dificuldade de justificar, junto à matriz, por que haverá mais investimentos no Brasil", explicou Severine.
Apesar das condições desfavoráveis do mercado, o governo do Paraná está se vendo praticamente obrigado a manter a venda. Com títulos precatórios do Banespa sendo cobrados pelo Itaú, a administração paranaense protelou o saldo do débito oferecendo como garantia a conversão de ações da Copel. O prazo para a conversão está se esgotando e, caso expire, o Itaú passará a deter o controle da Copel. Para evitar um prejuízo maior, já que o valor dos precatórios não se compara ao da Copel, o governo estadual prefere apostar as fichas na privatização, mesmo que tenha de abrir mão do ágio.