Estamos vivendo um momento de extremos, inclusive no clima. Sempre que esse assunto vem à tona, há pessoas que especulam se o ser humano vai conseguir sair dessa enrascada que ele mesmo se meteu. Pelo menos no que diz respeito à agropecuária, vista por muitos de forma equivocada como vilã, pois coloca todos no mesmo balaio, há tecnologias que podem ao menos minimizar os efeitos nefastos das mudanças climáticas.
Meu leitor mais impaciente pensaria: “Ora, se há tecnologia disponível, então é só colocar em prática e pronto. Problema resolvido”. Pois é, poderia ser assim, mas não é. Muitas vezes as coisas não ocorrem por desconhecimento. Apesar de vivermos em um ambiente com excesso de informação, aquilo que precisamos realmente saber nem sempre chega ao nosso conhecimento. É o que ocorre com certas tecnologias e inovações do setor agrícola.
Tive a satisfação de trabalhar no Show Rural Agroecológico de Inverno, ocorrido em Cascavel (PR). Trabalhei a convite do Convênio Vitórias (Vitrine Tecnológica de Orientações para a Agroecologia e Sustentabilidade), uma parceria entre Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – IAPAR-EMATER (IDR Paraná), Itaipu Binacional e Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento do Agronegócio (Fapeagro). O Convênio realizou o evento na Vitrine Tecnológica de Agroecologia (VITAL), espaço administrado por 14 entidades, dentre elas as três que já citamos, concebida como uma propriedade modelo voltada à agroecologia. No espaço, 40 tecnologias de manejo e aproximadamente 200 espécies de cultivos, desde cereais de inverno, passando por plantas medicinais e condimentares, até cultivos florestais.
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Boa tarde das tecnologias apresentadas ao público já são amplamente conhecidas, como o cultivo de orgânicos ou o Sistema de Plantio Direto (SPD). Todas elas muito eficazes para uma agricultura que gere menor impacto ambiental -o SPD, por exemplo, é fundamental para captação e retenção de carbono no solo. Contudo, ainda é comum vermos erosão e outros problemas decorrentes da falta dele nas propriedades rurais.
Como na agricultura aplicar uma técnica não significa que ela vai ser eficaz, pelas muitas nuances em jogo, agricultores e técnicos não colocam tecnologias conhecidas em prática, com medo de que tenha prejuízo, por exemplo. Quando vão a uma propriedade e veem o resultado prático da tecnologia, o pensamento é outro. Produtores se empolgam a fazer o mesmo, estudantes aprendem aquilo que já viram em sala de aula e técnicos se convencem de que ali pode estar a solução para os muitos desafios que enfrentam no dia a dia. Esse é um pontos mais importantes do Convênio Vitórias, possibilitar que o produtor rural, sobretudo da agricultura familiar e em pequenas propriedades, tenha informação técnica de qualidade para enfrentar os problemas do dia a dia.
Mais uma vez é a comunicação agindo como um meio de aprendizado e conhecimento, possibilitando que muitos desafios sejam superados ;)
*Lucas V. de Araujo: PhD em Comunicação e Inovação (USP).
Jornalista Câmara de Mandaguari, Professor UEL, parecerista internacional e mentor de startups.
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