A fila de caminhões que esperam para desembarcar soja e milho no Porto de Paranaguá atingiu ontem uma de suas maiores extensões dos últimos anos. Pela primeira vez, os motoristas tiveram de estacionar os caminhões antes da praça de pedágio da BR-277, que fica a 23 quilômetros de Curitiba, segundo a concessionária Ecovia. A Polícia Rodoviária Federal não permitiu o estacionamento nos 11 quilômetros mais sinuosos da serra, por isso a espera ficou tão próxima da capital.
Patrulheiros rodoviários tentaram organizar o congestionamento, que chegou a 64 quilômetros. Os caminhões foram mantidos no acostamento e de tempo em tempo saíam em comboio monitorados por viaturas policiais. Em alguns trechos os caminhões bloquearam uma das pistas.
Segundo informação de um caminhoneiro da região Norte do Estado, que prefere não se identificar por temer represálias, algumas empresas estão usando os caminhões como armazéns improvisados. "É mais barato deixar a soja na carreta do que pagar armazém em Paranaguá", reclamava. Ele afirmou que chega a ficar parado 24 horas ou até dois dias. Enquanto estão às margens da rodovia, os motoristas ficam praticamente sem assistência, pois não têm sequer lugar para tomar banho ou se alimentar. Tudo é improvisado.
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A polícia rodoviária aconselha caminhoneiros e produtores a segurarem a soja no interior do Estado para evitar caos maior na BR-277. A situação só deve melhorar a partir do final do mês, quando começa a reduzir o escoamento da soja.
A previsão da Secretaria de Agricultura é de que 4,6 milhões de toneladas de soja e milho sejam embarcadas por Paranaguá neste ano. Até agora já escoaram cerca de 2 milhões de toneladas entre farelo e grão.
Além da movimentação graneleira, o Porto de Paranaguá teve aumento também no desembarque de carros nesta semana. Por causa da greve no porto de Santos, muitas operadoras logísticas optaram pelo terminal paranaense. A Translor, empresa de São Bernardo do Campo (SP) desembacou ontem veículos da Volkswagen, que deveriam abastecer o mercado paulista. A quantidade de carros iria lotar 70 carretas. (colaborou Rosane Henn)