A alta de 200% desde janeiro de 2002 frente reajuste de 40% da energia elétrica no mesmo período faz o gás liquefeito de petróleo (GLP) se transformar numa alternativa não tão atraente quando o assunto é economia de energia. Essa é a opinião de síndicos e consumidores de Londrina, que já questionam a economia gerada pelo combustível, com demanda reduzida em 11% nos últimos quatro anos devido ao alto custo.
Edifícios do município que utilizam o gás para aquecimento de água já chegaram a registrar aumento no preço do cilindro de 45 kg - que alimenta os condomínios - mais de uma vez no mesmo mês, desde janeiro de 2002.
É o caso do condomínio administrado por João Paulo Barros da Silveira, localizado na rua Mato Grosso (área central). Com consumo mensal de aproximadamente 200 mil litros de gás, os custos de manutenção do sistema já preocupam Silveira, que também é coordenador do Conselho de Síndicos do Sindicato da Habitação e dos Condomínios de Londrina (Secovi).
''Na prática, o uso de gás para aquecimento de água não é mais viável''. O síndico lembra ainda que, desde janeiro de 2002, o preço do cilindro de 45 kg já foi reajustado 12 vezes, num total de 197,65%. ''Já tivemos mais de um aumento no mesmo mês'', conta. Como parâmetro, a tarifa de luz sofreu somente dois reajustes no mesmo período, que somados não ultrapassam os 40%, segundo dados disponíveis no site da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
No condomínio administrado por Daisy Mazetto, localizado na esquina da rua Espírito Santo com a Avenida JK (também na área central), os custos com gás também já incomodam a síndica e alguns moradores. Daisy acredita que o edifício tenha um consumo relativamente baixo devido ao grande número de estudantes residentes no prédio.
São utilizados oito cilindros de 45 kg (cada um custa R$ 125,00) por semestre. Mas os gastos com a compra do gás chegam a quase R$ 1 mil, quando há necessidade de reposição. ''O gás realmente tem subido muito e está pesando no bolso''. Morador do condomínio de Daisy, o estudante Fernando Pinheiro reclama dos custos com o gás. ''Parece que o preço dobrou nos últimos seis meses, tamanha é a influência do gás no valor final do condomínio.''
Residente em um edifício na esquina das ruas Espírito Santo com Professor João Cândido, Ida Ribeiro Pereira diz que o consumo com gás em seu apartamento chega a representar até 30% do valor total do condomínio. ''Quando recebo a visita de meus filhos e netos, então, aí é que o consumo é grande''. Ida diz ter percebido uma alta mais significativa do gás desde o início do ano.
Segundo Cosme Francisco de Lima, dono de uma revenda de gás em Londrina, os aumentos sucessivos do preço do gás, principalmente em 2002, foram todos promovidos pela Petrobras, devido ao aumento dos custos com produção. ''O controle dos preços por meio de subsídios só é feito com o botijão de 13 kg. Além do mais, os reajustes foram feitos com o objetivo de internacionalizar o preço do produto''.
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Lima estima que o botijão de 13 kg tenha cerca de 30% de seu preço subsidiado pelo Governo Federal, o que não acontece com o cilindro de 45 kg, considerado de uso comercial e industrial. Desde 1994 o preço do gás de cozinha subiu 500% em valores nominais e 140% em valores corrigidos pela inflação.