A Igreja Universal do Reino de Deus está encurtando o caminho dos fiéis desempregados para conseguir a "graça" que é um novo trabalho. Há cerca de seis meses funciona na Catedral da Fé, templo central da Universal em Curitiba, um balcão de empregos.
São ofertadas centenas de vagas que a igreja reúne a partir de informações da Agência do Trabalhador, órgão da Secretaria de Estado do Emprego e Relações do Trabalho, e de agências de emprego da cidade. A forma de divulgação das vagas na igreja é a mesma utilizada pelos meios de comunicação, gabinetes de vereadores e deputados: alguém solicita à agência o número de vagas existentes para Curitiba e depois as oferece para as pessoas que estiverem a procura de emprego. A diferença é que na Catedral da Fé os desempregados assistem a um culto antes de serem levados até o balcão de empregos, que fica nos bastidores da igreja.
Músicas com conteúdo positivo como "Senhor, me ajude a superar os obstáculos" são entoadas durante os cultos. Os pastores não prometem emprego a ninguém durante o culto mas asseguram que se aproximar de Deus é a melhor forma de resolver os problemas. O pastor Flávio Tavares, responsável pela Catedral da Fé, não quis falar sobre o assunto ontem. O vereador e pastor Valdemir Soares (PPB) também foi procurado, mas não rertornou as ligações da Folha.
Leia mais:
IBGE: pobreza e extrema pobreza atingem menor nível no país desde 2012
Bolão de Araras leva R$ 74,7 milhões da Mega-Sena
Economia Solidária de Londrina lança linha de Natal nesta terça-feira
Mega-Sena acumulada sorteia nesta terça-feira prêmio de R$ 76 milhões
Um dos assessores dos pastores disse que a mudança recente no balcão de empregos pela igreja foi a transferência da data do culto, que antes acontecia no meio da semana. Agora ele acontece nas manhãs de segunda-feira. O assessor não soube informar qual o número de pessoas que já conseguiu emprego depois dos cultos.
O assunto é polêmico. Principalmente em uma cidade como Curitiba onde há cerca de 120 mil desempregados. Acredita-se que as igrejas costumam explorar a fé de necessitados em momentos de dificuldades. Mas não é assim que sentem muitos dos fiéis que frequentam os cultos em busca de emprego. Antonio (nome fictício), participou do culto de ontem de manhã. Ele está desempregado há mais de quatro meses. Possui apenas o primeiro grau incompleto e tem experiência em construção civil. "Sei que posso não sair daqui com emprego, mas pelo menos vim orar um pouco", disse entre um canto e outro.
Um dos principais problemas da Universal para a colocação de seus fiéis no mercado de trabalho é a baixa capacitação ou pouca experiência dos mais jovens. No culto de ontem a igreja anunciou que tinha mil oportunidades de trabalho. Cerca de 70 pessoas estavam na igreja no horário marcado, às 10 horas. "Culto na segunda-feira de manhã é só mesmo para quem está desempregado".