Com relação às exportações, a expectativa é fechar o ano com R$ 279,5 milhões de medicamentos vendidos para o mercado externo, 10,3% a mais que em 2002.
Apesar disso, o setor lamenta uma queda 15,4% na produção e de 7,2% no volume de medicamentos vendidos. Alega que vem operando com ociosidade de 40% e põe a culpa na política de controle de preços do governo federal.
Segundo pesquisa do Conselho Regional de Farmácia do Distrito Federal, de janeiro a novembro deste ano o preço dos remédios subiu 23% em média. Além dos aumentos autorizados pelo governo, o setor conseguiu a liberação dos preços dos chamados medicamentos de venda livre, que representam 30% do total comercializado no país.
Leia mais:
Anfavea projeta aumento de 5,6% nas vendas de veículos em 2025
Veja calendário de pagamento do abono do PIS/Pasep 2025 proposto pelo governo federal
Bancos restringem oferta de empréstimo consignado do INSS
Prefeitura de Londrina vende mais quatro lotes da Cidade Industrial
Por estas razões, a entidade contesta que a política de controle de preços do governo federal seja "restritiva", conforme afirmação constante no Balanço 2003 divulgado pela Federação Brasileira da Indústria Farmacêutica (Febrafarma).
De acordo com Luis Milton Velloso, secretário executivo da Câmara de Medicamentos do governo, não houve reajuste de salários no setor e não haveria motivos para que fossem concedidos aumentos maiores. Velloso defende o controle de preços, alegando que nos últimos dez anos a indústria farmacêutica praticou aumentos muito acima da inflação.
Antonio Barbosa, presidente do Conselho Regional de Farmácia do Distrito Federal e conselheiro do Instituto de Defesa do Usuário de Medicamentos é taxativo: "A indústria está tentando pintar um quadro dramático para botar o governo no bolso, como sempre fez". E vai além: "O que desmascara a indústria é a comparação do número de unidades produzidas com o faturamento, eles deveriam ser penalizados, pois produzindo menos estão faturando mais".
O controle de preços, na opinião de Barbosa, é necessário enquanto não houver mecanismos que aumentem a capacidade de escolha do consumidor. "Só existe mercado livre quando o consumidor é livre". Ser livre, segundo ele, significa ter informações suficientes para optar por genéricos ou mesmo por diferentes marcas de um mesmo medicamento, que chegam a ter variação de preço de 1000%, dependendo do fabricante.
Barbosa sugere algumas ações para o governo federal. Uma delas é a adoção do sistema de fracionamento, adotado em muitos países, que permite ao usuário adquirir apenas quantidade prescrita do medicamento, sem necessidade de comprar caixas grandes. Outra medida importante seria a divulgação de listas comparativas de preços com opções de substituição dos remédios mais consumidos, bem como uma campanha de relacionamento médico/paciente, nos moldes do que foi feito à época do lançamento dos genéricos.
Na próxima segunda-feira, o Conselho divulgará uma lista de recomendações para auxiliar os consumidores na compra de medicamentos.