Que o Brasil precisa do agronegócio não se questiona. Da mesma forma não há dúvidas quanto à urgência da sustentabilidade ambiental e social fazerem parte do desenvolvimento desse setor tão relevante, notadamente em um estado como o Paraná.
Conquanto a tarefa seja complexa temos muitos bons exemplos vindos das universidades e do setor produtivo. Eu mesmo já salientei diversas: Poliverde, Biolyse, Usina Biológica, Dioxd. Todas elas dando exemplo de como gerar tecnologias que melhorem a produtividade e não agridam o meio ambiente.
Recentemente conversei com outro empreendedor que está desenvolvendo um importante trabalho. Helder Rodrigues criou a startup Allga, cujo proposta de valor está no desenvolvimento de produtos a base de microalgas que atuem como biofertilizantes. Assim como outros exemplos que eu trouxe, Helder construiu uma sólida formação acadêmica no Programa de Pós-Graduação em Agronomia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), onde fez mestrado, doutorado e pós-doutorado.
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Com o ex-orientador do mestrado como sócio, Helder criou a Allga há três anos. Desde então fizeram muitos testes de laboratório e até prototiparam produtos comerciais, o que já rendeu três pedidos de registro de marca e um pedido de patente no processo de otimização do biofertilizante. Os empreendedores também realizaram credenciamento no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), do qual aguardam também a obtenção de registro de produto. Sem essas etapas devidamente finalizadas não podem comercializar os produtos para o produtor rural.
Caso tivessem mais equipamentos, máquinas e áreas de plantio, poderiam ampliar os testes de campo em caráter experimental enquanto aguardam o trâmite legal. Como tudo isso envolve altos custos, eles estão buscando alternativas junto à Incubadora de Base Tecnológica da UEL, onde estão incubados.
O setor de biotecnologia requer elevados investimentos em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D), algo cada vez mais desafiador face às inúmeras barreiras que a ciência e tecnologia vem enfrentando em nosso país com sucessivos cortes orçamentários. Ao contrário do setor de software, que geralmente se utiliza do mundo virtual da internet e das redes conectadas para fazer as atividades, as inovações biotecnológicas demandam espaço físico e máquinas especificas para desenvolver novos produtos e serviços.
A verdadeira guerra para produzir vacinas contra Covid-19 evidenciou as muitas exigências que a pesquisa científica demanda quando existem vidas em torno da tecnologia. Malgrado o abismo entre desenvolver uma vacina para Covid-19 e um produto biotecnológico de aplicação no campo, ambos evidenciam que programas de computador são extremamente úteis e necessários, mas não resolvem todos os problemas em torno da inovação.
Quando o propósito envolve critérios de sustentabilidade, o desafio é ainda maior porque o rigor com os efeitos colaterais dos compostos, inclusive para os seres humanos, necessita ser ainda maior. Por isso, a Allga necessita do apoio do ecossistema de Londrina e região para fazer bem o seu trabalho ;)
*Lucas V. de Araujo: PhD e pós-doutorando em Comunicação e Inovação (USP). Professor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), parecerista internacional e mentor Founder Institute. Autor de “Inovação em Comunicação no Brasil”, pioneiro na área