Aliar sustentabilidade com ganhos econômicos é um dos grandes desafios a serem superados atualmente no mundo empresarial e social. Crises econômicas e situações limite como a pandemia elevaram ainda mais as tensões entre esses dois campos, aparentemente distantes.
Bons exemplos de que não existe esse antagonismo são muitos e geralmente provém de pesquisa científica. Um deles veio do grupo de pesquisa do Labim (Laboratório de Biotecnologia Microbiana) do CCB (Centro de Ciências Biológicas) da UEL (Universidade Estadual de Londrina). Liderados pelo professor Admilton Gonçalves de Oliveira Júnior, os pesquisadores desenvolveram uma inovação para o controle biológico de doenças fúngicas na agricultura. A eficácia do microrganismo é tão grande que a tecnologia foi licenciada para uma empresa do setor, Simbiose Indústria e Comércio de Fertilizantes e Insumos Microbiológicos.
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Segundo o diretor da Aintec (Agência de Inovação Tecnológica da UEL), professor Edson Miura, é o primeiro contrato de transferência de tecnologia da UEL. Resultado de uma parceria com o setor privado que começou há cinco anos quando a mesma Simbiose acreditou nas pesquisas do Labim e injetou recursos, como em bolsas de mestrado e doutorado.
Venho defendendo há tempos que essa parceria entre os setores público e privado são fundamentais para o desenvolvimento de inovação, sobretudo aquelas que geram maior impacto na sociedade e no meio ambiente. Aliar as necessidades das empresas com pesquisa acadêmica pode ser uma das alternativas para gerar emprego, renda e novos negócios. Sem dúvida que é preciso manter a autonomia da pesquisa acadêmica, assim como existirem outros tipos de pesquisa que não sejam totalmente direcionadas às necessidades do mercado. O cientista pode e deve ter liberdade no seu trabalho.
Por ter licenciado a tecnologia, a UEL receberá recursos que poderão ser aplicados em novas pesquisas, as quais poderão retornar para a sociedade em forma de novas soluções sustentáveis, criando um círculo virtuoso.
As melhores inovações são aquelas nas quais há uma relação de ganha-ganha entre os agentes. Quando apenas um lado ganha, a tendência é que não tenha adesão de muita gente ou as pessoas não acreditem no potencial daquilo. Isso é o que acontece na maioria das vezes atualmente, sobretudo quando falamos de aspectos difusos e de interesse coletivo, como sustentabilidade ou educação. Não por acaso, as inovações que mais se destacam nestas duas áreas são aquelas que trazem relações benéficas para todos os agentes envolvidos. Lembro de dois exemplos que já tratei aqui nesta coluna: a Dioxd e a Poliverde.
O professor Admilton brincou comigo dizendo que não se considera um empreendedor, mas um pesquisador-empreendedor. Que bom! Precisamos de muitos pesquisadores-empreendedores em nossa sociedade atualmente. Vida longa a todos que transformam a vida por meio da inovação ;)
*Lucas V. de Araujo: PhD e pós-doutorando em Comunicação e Inovação (USP). Professor da UEL (Universidade Estadual de Londrina), parecerista internacional e mentor Founder Institute. Autor de “Inovação em Comunicação no Brasil”, pioneiro na área.