A desistência de mais da metade das 11 empresas inscritas para participar do leilão da Copel, no próximo dia 31, indica que o risco da operação de venda da Copel ficou maior. A situação econômica mudou e o preço mínimo fixado em R$ 4,32 bilhões, que era considerado um valor abaixo das expectativas de mercado, agora embute um ágio elevado, informou um analista do setor de leilões da Agência Nacional de Energia Elétrica - Aneel, que não quis se identificar.
Entre as razões apontadas para as desistências das empresas está a conturbação do mercado financeiro internacional, que é de extrema falta de liquidez. Esse quadro afugenta o interesse dos investidores que não tem como levantar dinheiro em qualquer parte do mundo, disse o analista.
A análise vai de encontro a afirmação do presidente do BNDES, Francisco Gros, "que está difícil para qualquer empresa do mundo assinar um cheque no valor de US$ 2 bilhões". Em entrevista à Agência Estado, Gros não arriscou a opinar sobre o desfecho do leilão da Copel.
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O fato é que o mundo está vivendo as consequências do ataque terrorista de setembro e quem tem excedente financeiro não quer aplicar em países emergentes, preferindo se refugiar em locais mais seguros.
O analista argumenta, ainda, a insegurança que o modelo elétrico brasileiro está gerando nas empresas interessadas. A maior incerteza é o recuo do governo federal em privatizar Furnas, considerada a maior privatização do setor elétrico. De acordo com o analista, a região Sul do País e o estado de São Paulo avançaram na privatização das empresas hidrelétricas, enquanto que Furnas permanece estatal, gerando uma grande insegurança em relação aos investimentos na distribuição de energia.
Por outro lado, apesar de o preço da Copel ser considerado "salgado", não se pode esquecer que a empresa é atraente, pelas vantagens de modernização e eficiência que apresenta, disse o analista. Ele não descarta a possibilidade de as desistências representarem um "jogo de fumaça" para depreciar o valor da empresa.
Nesta quinta-feira, uma das empresas que se mantém interessadas na Copel, a belga Tractebel, permaneceu avaliando os riscos de participar do leilão da estatal paranaense. De acordo com o diretor-superintendente, Maurício Bahr, o fato de a privatização do setor elétrico brasileiro não ter sido concluída indica que novas regras podem surgir no cenário e isso afugenta os investidores, explica.
Entre as hipóteses que surgiram está a formação de consórcios entre empresas interessadas para arrematar a Copel.