Diante de uma inflação abaixo do patamar esperado para o começo deste ano, o mercado já dá como certo que o Comitê de Política Monetária (Copom) vai diminuir a taxa básica de juros (Selic) de 6,75% para 6,5% em sua próxima reunião, marcada para os dias 20 e 21 de março. Caso a redução se confirme, será o 12.º corte consecutivo na taxa, que voltará a bater mínima histórica. O resultado do IPCA de fevereiro, que será divulgado hoje, poderá indicar se haverá espaço para mais um corte da Selic em maio, de acordo com economistas.
A possibilidade de a taxa cair a 6,5% neste mês chegou a 88% ontem, conforme precificação feita pelo mercado nos contratos de juros futuros de curto prazo. Há um mês, logo após a última reunião do Copom, essa probabilidade era de 30%. No dia em que a ata do Copom foi divulgada, porém, o porcentual já subiu para 45%, em decorrência de o documento afirmar que um novo corte não estava descartado e que poderia ocorrer caso a inflação se mantivesse "em níveis confortáveis".
No início desta semana, o mercado elevou ainda mais suas apostas em uma nova redução da Selic após o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirmar que os últimos resultados da inflação vieram abaixo do esperado. No fim do ano passado, o Banco Central projetava uma inflação de 0,53% em janeiro, mas o IPCA veio em 0,29%.
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A Tendências Consultoria Integrada e o Banco Pine estão entre os que reviram, depois da fala de Ilan, suas projeções para a Selic. "Vínhamos trabalhando com a expectativa de 6,75%, mas, nas últimas semanas, a inflação surpreendeu para baixo. Até o Banco Central se mostrou surpreendido", disse Silvio Campos Neto, da consultoria Tendências.
Maio
Para o economista Marco Caruso, do Banco Pine, há ainda chances de que, na reunião deste mês, o Copom sinalize que poderá haver um novo corte em maio. "Apesar da recuperação da atividade econômica, a velocidade está menor do que se esperava. Também há um descolamento da inflação esperada em relação à meta. Isso justifica manter essa possibilidade (de redução da Selic em maio)", destacou.
O economista Daniel Silva, da Modal Asset, também acredita que o Copom poderá deixar as portas abertas para outro corte, apesar de não trabalhar com esse cenário como base. Essa decisão do Copom dependerá dos próximos resultados da inflação, lembra Silva. O Modal vem prevendo uma Selic a 6,5% há cerca de duas semanas.
Já para a economista Tatiana Pinheiro, do Santander, a redução na taxa de juros que deverá ocorrer em março marcará o fim do ciclo de quedas. "Projetamos que a Selic se mantenha em 6,5% até meados deste ano", afirmou. "Acho pouco provável estender esse ciclo, dado que sua trajetória já é bastante longa. Uma redução em maio só acontecerá se houver mais uma surpresa inflacionária", acrescentou.
Os economistas também reduziram, nas últimas semanas, suas projeções para a taxa de inflação de 2018. A Tendências, por exemplo, previa que os preços avançassem 4,1% neste ano; agora, estima uma alta de 3,8%. A Modal Asset diminuiu sua projeção de 3,7% para 3,4%. "Pode ser que fique até abaixo disso (3,4%). Os alimentos continuam surpreendendo e recuando", afirmou Silva. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.