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Moda paranaense busca sua identidade

Cláudia Lopes - Folha de Londrina
23 abr 2001 às 10:02

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O Paraná tem um longo caminho a percorrer para tornar-se um pólo nacional de moda, a exemplo de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás e Ceará.
O Estado é conhecido como um dos maiores produtores de roupa do Brasil, com uma fabricação mensal de quatro milhões de peças. Marcas famosas como Zoomp e Chitãozinho e Xororó são produzidas em Londrina e Dois Vizinhos, respectivamente, pelo sistema de fabricação sob licença. Outro segmento forte no Paraná são as facções.
Mas projetos como o ‘‘Milano’’, que no mês passado levou empresários e estilistas à Milão, na Itália, visam agregar valor à confecção paranaense através do desenvolvimento de moda (ler matéria nesta página). ‘‘Podemos agregar 40% de valor produzindo moda e consolidando marcas. Infelizmente, ainda não temos identidade própria’’, afirma o consultor do Sebrae em Londrina, Paulo Di Chiara. O desenvolvimento de moda na região ganhou força extra com a criação dos cursos de Estilismo e Moda da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e Universidade Estadual de Maringá (UEM).
Um dos programas para ajudar as indústrias a obter qualidade nos processos é o Programa de Assistência Tecnológica à Micro Empresa (Patme) do Sebrae, que neste mês disponibilizou cerca de R$ 20 mil para dez empresas do Norte do Estado.
No ano passado, a indústria D&J conseguiu diminuir em 2% o processo de reprodução de peças, com o apoio do Patme. A introdução da função de controle de qualidade no processo de produção também significou aumento de produtividade. Em 2000, 71 empresas do Paraná receberam subsídios de R$ 140 mil. Os recursos servem para pagamento de serviços de consultoria tecnológica.
Os maiores problemas detectados pelo Sebrae nas indústrias paranaenses são a falta de planejamento do controle de produção, falta de sistema de qualidade, métodos inadequados na operação de cortes e falhas no desenvolvimento de produtos e na logística de distribuição. Já os pontos positivos das empresas são criatividade, agilidade no atendimento aos clientes e grande índice de maquinário moderno.
Atualmente existem cerca de três mil indústrias de confecções no Paraná e 400 na região de Londrina. Há dez anos eram seis mil e 800 mil, respectivamente. O fechamento de fábricas se deveu à abertura de mercado e à entrada de produtos asiáticos no País.
‘‘Há dois anos o setor vem se recuperando por causa da desvalorização cambial e do aumento dos impostos de importação’’, afirmou Di Chiara. ‘‘Algumas empresas da região estão com a produção vendida até maio’’, diz. O nível de emprego, porém, não foi retomado porque as indústrias ainda não esgotaram suas capacidades produtivas. Só na região de Londrina, o consultor calcula que entre oito mil e doze mil pessoas tenham perdido o emprego na década passada.
Visando o aumento de exportação, três associações de empresas interessadas em exportar seus produtos foram formadas no Estado no ano passado: a Associação de Exportação da Indústria de Confecções do Noroeste do Paraná, a Associação de Exportação das Indústrias de Confecções do Norte do Paraná e a Associação Brasileira de Fabricante de Bonés de Qualidade. Por enquanto, nenhum contrato foi assinado. ‘‘Por falta de moda própria, a exportação paranaense é inexpressiva’’, disse Di Chiara.
Segundo ele, o Chile importa US$ 416 milhões em vestuário anualmente, sendo US$ 115 milhões do Brasil. "O Paraná não exporta nada para aquele País", informa. Ele acredita em mudança desse cenário nos próximos anos. Ele acredita em mudança desse cenário nos próximos anos. "Estamos trabalhando para o aculturamento dos empresários com viagens técnicas e visitas a feiras do setor", comentou.
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