O índice de adulteração da gasolina vendida no Paraná foi o maior do País em abril, segundo um levantamento realizado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), órgão vinculado ao governo federal que fiscaliza revendedores e distribuidores de combustíveis no País.
Um total de 22,3% das amostras coletadas e analisadas pelo convênio entre Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a ANP não estava de acordo com as exigências previstas pela agência. O índice de não-conformidade paranaense é superior ao dobro da média nacional registrada no mês passado (10,3%).
O Paraná faz feio no ranking da ANP também nas análises de qualidade do óleo diesel e álcool hidratado. Entre as amostras de diesel analisadas pela UFPR no último mês, 6,3% não atenderam as exigências da ANP, o que coloca o Estado com o quinto maior índice nacional de não-conformidade. Em relação ao álcool hidratado, 12% das amostras apresentaram indícios de adulteração, a sétima pior média no País.
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Os dados levantados pela ANP deixaram os revendores de combustíveis em estado de alerta. ''Além de prejudicar o consumidor, a adulteração prejudica também o revendedor honesto. Ele se vê forçado a competir com um concorrente que pode ofertar um preço mais baixo devido à adulteração do combustível, e a longo prazo, pode até ser obrigado a fechar as portas'', analisa Roberto Fregonese, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Derivados de Petróleo e Lojas de Conveniência (Sindicombustíveis) no Paraná.
Para Fregonese, o índice de não-conformidade registrado no Paraná é considerado alarmante, ainda mais se comparado aos outros Estados da Região Sul (veja quadro). Para combater o problema, o Sindicombustíveis firmou um convênio com o Comitê Sul Brasileiro de Qualidade de Combustíveis (CSQC), uma entidade não-governamental que mantém relações com órgãos estatais como a ANP e o Procon, para ajudar na fiscalização e controle da qualidade dos combustíveis comercializados.
O comitê iniciou suas atividades em Santa Catarina há três anos. Representantes do comitê já atuam no Rio Grande do Sul, e em breve o CSQC deve atuar no Paraná. ''É um trabalho de cooperação com o governo. Por exemplo, em um posto onde o combustível é vendido por um preço muito abaixo da média, há indícios de que pode haver adulteração e o comitê recolhe amostras para análise'', explicou Fregonese.
Segundo dados da ANP, existe uma relação direta entre preço e combustível adulterado. Em 62,1% dos postos em que foram constatadas irregularidades, o preço do combustível estava abaixo da média da região.
Além do convênio com o CSQC, revendedores criaram uma campanha para sensibilizar o governador Roberto Requião (PMDB). Cerca de 70 postos de combustíveis em Curitiba passaram a exibir nesta semana uma faixa preta, com os dizeres: ''Governador Requião - ajude-nos a combater a adulteração e a sonegação''.