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PR terá menos verba que PI em 2002

Valmir Denardin - Folha do Paraná
17 set 2001 às 12:41

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Maior produtor de grãos do País, quinto em contribuição ao Produto Interno Bruto (PIB), sexto em população, o Paraná vai receber em 2002 menos recursos federais para investimentos que o Piauí – considerado o Estado mais pobre do País e que possui 30% da população paranaense. Com R$ 151,903 milhões, o Paraná é somente o 12º no ranking da Proposta Orçamentária do próximo ano, entre as 27 unidades da federação.
Vai receber menos dinheiro que Ceará, Pará, Goiás e Rio Grande do Norte, por exemplo. A comparação com o Rio Grande do Sul, quase similiar ao Paraná em termos de economia e população, confirma a disparidade na distribuição dos recursos.
O governador gaúcho, Olívio Dutra – integrante do PT, o mais ferrenho entre os partidos de oposição ao presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) –, vai receber R$ 327,4 milhões, mais que o dobro do colega Jaime Lerner, membro do PFL, aliado de primeira hora dos tucanos no governo federal.
O Rio Grande do Sul é a quarta economia brasileira, participando com 7,5% do PIB, a soma de toda a riqueza produzida no País. No critério populacional, é o quinto Estado, com 10,18 milhões de habitantes. O Paraná é quinto no PIB (6,5%) e sexto na população (9,6 milhões). O Piauí tem apenas 2,84 milhões de moradores.
A explicação do governo federal para a diferença entre participação dos Estados no bolo de receita e o que é devolvido na forma de investimento é a intenção de reduzir as desigualdades regionais. Esse seria a causa de seis Estados nordestinos aparecerem à frente do Paraná e de São Paulo, a maior economia da federação, ser o sétimo em recursos na previsão orçamentária.
Mas não esclarece porque Minas Gerais, segundo Estado mais rico, ser também o segundo no ranking dos investimentos e o Rio Grande do Sul superar o Paraná. No total, o governo vai investir pouco mais de R$ 11 bilhões nos Estados no próximo ano (1,7% do total). A amortização da dívida pública deverá consumir R$ 277,6 bilhões.
Causas O governo do Estado e a bancada paranaense no Congresso têm justificativas diferentes para a impossibilidade de o Paraná garantir mais recursos federais. " um problema histórico de falta de força política", afirma o deputado Florisvaldo Fier (PT), o Doutor Rosinha, suplente na Comissão Mista de Orçamento.
Na opinião dos deputados Rubens Bueno (PPS), Luiz Carlos Hauly (PSDB) e Gustavo Fruet (PMDB), e do senador Roberto Requião (PMDB) – adversários de Lerner –, falta comando político do governador para buscar recursos. "Fiquei dois anos na Comissão de Orçamento e vi todos os governadores, menos o do Paraná, peregrinando pelos gabinetes de Brasília com suas bancadas", afirma Bueno.
Procurado pela Folha, o governador informou, por meio de sua assessoria, que não iria comentar as declarações dos parlamentares. A assessoria indicou o secretário-chefe da Casa Civil, Alceni Guerra, mas ele não retornou os recados deixados em seu celular e na secretaria, na sexta-feira.
O secretário de Planejamento, Miguel Salomão, único a falar em nome do governo estadual, diz que o problema não é de influência política, mas foi criado por governos anteriores – entre eles o de Requião –, que teriam assumido atribuições federais.
"Somos o Estado que mais investe em ensino superior (R$ 300 milhões por ano) e o único que construiu uma ferrovia (Ferroeste)." Enquanto o Rio Grande do Sul conta com cinco universidades federais, o Paraná tem apenas uma. Mas sustenta seis universidades estaduais.
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