O varejo brasileiro terminou 2020 com crescimento de 1,2% nas vendas, mesmo com o impacto da Covid-19, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (10).
O dado, no entanto, veio abaixo da expectativa do mercado, que esperava que o setor encerrasse o ano com alta de 5,5%, segundo analistas ouvidos pela Bloomberg. O crescimento observado também foi o mais fraco nos últimos quatro anos.
O resultado foi influenciado pela queda de 6,1% em dezembro -mês que tradicionalmente tem alta nas vendas, relacionadas ao Natal.
De acordo com o IBGE, o resultado foi influenciado pelos patamares de vendas elevados dos meses anteriores, pela redução do valor do auxílio emergencial e pela inflação elevada dos alimentos.
Leia mais:
Prazo para adesão ao Profis 2024 entra na reta final; contribuintes podem obter descontos de até 70%
Hora trabalhada de pessoa branca vale 67,7% mais que a de negros
Londrina e Maringá se unem para fortalecer Tecnologia da Informação e Comunicação
Mercado de trabalho em 2025: saiba o que será exigido de empresas e profissionais
Foi o maior recuo para o mês de toda a série histórica, iniciada em 2000, e o segundo pior quando se leva em consideração todos os meses do ano, ficando atrás apenas de abril de 2020, quando o setor sentiu o maior impacto da pandemia (-17,2% nas vendas).
A expectativa de analistas ouvidos pela Bloomberg era de um recuo de apenas 0,7% em dezembro.
Com a retração observada em dezembro, o varejo voltou ao mesmo patamar de fevereiro, último mês antes da eclosão da pandemia no Brasil.
Cristiano Santos, gerente da pesquisa, afirmou que houve um crescimento acelerado desde abril que levou o setor a bater recordes de vendas. A base comparativa elevada, portanto, explica em parte o tombo de dezembro.
Na prática, isso significa que uma empresa média tinha em dezembro o mesmo nível de vendas de fevereiro, diz Santos.
O pesquisador afirma ainda que a queda observada em dezembro pode refletir a diminuição do volume de recursos disponíveis às famílias em razão do corte do auxílio emergencial, benefício encerrado em dezembro.
Além disso, a inflação elevada dos alimentos também pesou, avalia Santos, uma vez que o comércio em hiper e supermercados tem forte impacto no levantamento feito pelo IBGE.
Todos os ramos de atividade tiveram queda em dezembro. Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo caíram 0,3%, outros artigos de uso pessoal e doméstico recuaram 13,8% e tecidos, vestuário e calçados, 13,3%.
Também foram observadas quedas em equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-6,8%), móveis e eletrodomésticos (-3,7%), livros, jornais, revistas e papelaria (-2,7%), além de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-1,6%), combustíveis e lubrificantes (-1,5%).
Já o varejo ampliado registrou quedas em veículos, motos, partes e peças (-2,8%) e material de construção (-1,8%) no mês de dezembro. No geral, o volume de vendas recuou 3,7% no mês e 1,5% no acumulado de 2020, após três anos consecutivos de altas