Londrina

Arrebentada, UPA do Jardim do Sol clama por reforma

10 mai 2018 às 09:14

Sabe aquele descaso com o dinheiro público? Então, ele pode ser visto na Rua Mercúrio, 1, no Jardim do Sol, zona oeste de Londrina. É lá que funciona a estrutura da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Maria Angélica Castoldo. Inaugurada há menos de três anos, ela aparenta ter décadas de uso e de falta de manutenção. A obra, que custou cerca de R$ 4 milhões, foi iniciada em julho de 2013 e teria prazo de entrega em junho de 2014, porém diversas interferências adiaram esse prazo e a UPA foi inaugurada em setembro de 2015. Ela precisou de reparos antes mesmo da entrega, quando surgiram as primeiras rachaduras e sofreu alguns danos após as fortes chuvas de janeiro de 2016.

Uma equipe da Compdec (Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil), o secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, e o vereador Vilson Bittencourt (PSB) foram até à UPA na segunda-feira (7) para realizar uma vistoria nas estruturas do prédio. O engenheiro civil Heleno Solano Rabello, da Compdec, disse que apesar da estrutura estar bem abalada, não é o caso por enquanto, de interdição. "Existem vários problemas. A gente vê que a estrutura está abalada. Mas a princípio não apresenta risco iminente. Pode ser uma falha na execução e havido algum erro no processo de fundação", disse. "A enfermaria está mais problemática. Houve um rebaixamento do piso, várias trincas. A parte do fundo da UPA foi a mais afetada", apontou. Um laudo estrutural, com detalhes da vistoria deverá ser feito pelo engenheiro e encaminhado para a Secretaria Municipal de Saúde.


Já Bittencourt mostrou-se indignado com a situação do local. "O que a gente quer ter é a certeza de que essa estrutura ainda tenha condições de receber os pacientes aqui dentro", disse. "Uma obra nova e está nessas condições... É inadmissível uma situação dessas. A gente acredita que isso possa acontecer, mas com 20, 30 anos de prédio e não com três", esbravejou.


Felippe Machado afirmou que os problemas serão reparados. "Solicitamos uma autorização na Procuradoria Jurídica do município, que nos autorizou a fazer os reparos. Vamos licitar um laudo estrutural para termos o real dimensionamento das intervenções necessárias, mas se ficar comprovado que houve falha na execução da obra, a construtora é responsável", ressaltou.


O que diz a construtora
A Meridiano Obras Ltda, responsável pela construção, aponta que as rachaduras existentes na UPA "foram causadas pelo entupimento de uma galeria pluvial", e declara que buscou realizar o desvio ainda na fase de escavação do terreno, em outubro de 2013, e que a equipe de fiscalização da Prefeitura na época não teria autorizado o serviço de realocação dos blocos, fazendo apenas a "substituição das estacas sobre a galeria por tubulões".
No dia 7 de fevereiro de 2015, a obra foi entregue de forma provisória, sendo que no dia 20 do mesmo mês foi assinado um termo de recebimento da mesma. A cláusula oitava do contrato entre a Prefeitura e a Meridiano previa que após a entrega do termo provisório, uma comissão deveria ser criada para vistoriar a obra e que se tudo estivesse nos conformes, o termo definitivo seria emitido.


A Meridiano enviou à reportagem um documento informando que a comissão não foi criada e nem a obra vistoriada. "Caso a Administração tivesse obedecido às normas que instituiu", os problemas estruturais poderiam "ter sido verificados e sanados para o fim de se emitir termo definitivo".
"Acredito que o termo não tenha sido assinado e nem criada a comissão. Pode estar faltando alguma documentação para isso", disse Fabio Simões Prado, engenheiro fiscal da obra na última gestão. "Quando você finaliza a obra, certas irregularidades só vão aparecer depois do prédio entrar em funcionamento", completou, justificando que a estrutura da UPA não mudaria antes da inauguração, não tendo efeito uma suposta vistoria.


A construtora declara que passado mais de um ano da entrega provisória, a Secretaria de Obras comunicou "a existência de irregularidades". Sobre o entupimento, Prado comentou que a galeria ligada à enfermaria, na época da elaboração do projeto, não estava cadastrada no sistema porque estaria desativada. "A galeria da parte da frente, recebia fluxo pluvial de outra rua. Ligaram na galeria do fundo e que estava desativada, o que pode ter ocorrido a obstrução".

Em março de 2016, foi solicitado à construtora que fizesse o reparo interno e externo da UPA. "Eles realizaram apenas os reparos externos", disse o engenheiro diretor de Edificações Públicas, José Eduardo Soncin. Deste fato, foi colocado um processo administrativo contra à Meridiano. Além disso, a empresa pede o pagamento de valores de aditivos e reajustes no contrato, devido às prorrogações no prazo de entrega.


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