A ausência de fiscalização deu espaço ao ilícito. Estava permitido o uso de drogas, menores consumiam bebidas alcoólicas e cigarros, automóveis exibiam a potência ensurdecedora do som e a aglomeração de pessoas impedia o trânsito. Foi ontem à tarde, nas esquinas da Avenida Higienópolis com a Rua Espírito Santo, no centro de Londrina.
No local, misturaram-se torcedores, a maioria com vontade de aproveitar a alegria de um jogo da seleção brasileira pelas oitavas-de-final da Copa do Mundo, com outros que estavam ali para praticar excessos. Tudo longe dos olhos do Estado. Enquanto o Brasil em campo enfrentava o Chile, nenhum tipo de fiscalização compareceu à festa.
A FOLHA ligou para o telefone de plantão do Conselho Tutelar. A conselheira Rosângela classificou a ocorrência como crime e orientou pela procura da Polícia Militar. A reportagem ligou às 16h52, relatou os fatos e teve a garantia de que uma viatura seria acionada. Até as 19 horas, nenhum policial passou pelo local. Fiscais da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) só apareceram quando o jogo terminou.
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Enquanto isso, menores consumiam bebidas destiladas puras ou misturadas a refrigerantes e compravam, de vendedores ambulantes, cervejas. Muitos consumiam maconha.
Apostando em goleada, três amigas, de 15 anos, disseram ter chegado cedo para o jogo e não esqueceram a cerveja e o refrigerante com vodca. Um outro adolescente de 15 anos, que estava com três outros jovens - todos menores-, circulava com uma latinha de cerveja e levava numa sacola plástica outras quatro latas. Por falta do telão, confidenciou que não viu nem um minuto do jogo, mas a festa... E a gelada? ''É complicado (por ser ilegal), mas faz parte da festa, né?'', admitiu.
Mais de um menor caído depois de abusar do álcool foi abordado pelos jornalistas. O mais jovem, que disse ter 15 anos, acabou socorrido pelo funcionário de uma farmácia. Uma agente da CMTU se ofereceu para levá-lo para casa, mas o menino recusou a ajuda e foi para o meio da multidão.
O caso mais grave foi de um rapaz que revelou ter 17 anos pouco antes de desmaiar. Ele ficou caído ao lado de um poste enquanto os colegas que o acompanhavam, em vez de socorrê-lo, preferiram ameaçar a reportagem.