Familiares de jovens mortos em ações policiais vão realizar uma nova manifestação em Londrina nesta terça-feira (22), às 18h30, na Praça do Conjunto Maria Cecília (zona Norte). As principais reinvindicações do movimento, batizado de “Justiça por Almas – Mães de Luto em Luta”, são cobrar investigações transparentes dos casos, exigir que os agentes de segurança sejam obrigados a utilizar câmeras de vídeo em seus uniformes e que esses profissionais sejam submetidos a exames toxicológicos constantes.
“Queremos chamar atenção da população e das autoridades para o que vem acontecendo em Londrina e região: uma verdadeira chacina de nossos jovens”, afirma Marilene Ferraz da Silva Santos, mãe do jovem Davi Gregório Ferraz dos Santos, morto pela PM com apenas 15 anos de idade, dia 15 de junho deste ano.
“Cada dia, estão matando pessoas mais novas. Aqueles que deveriam ser nossa segurança acabam matando nossas crianças”, declara.
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Forças de segurança letais
Levantamento feito com base em números do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), órgão do MP (Ministério Público) do Paraná, mostra que Londrina é recordista em letalidade policial no Estado. No período de cinco anos, entre 2017 e 2021, 178 pessoas foram mortas por forças de segurança na cidade. Isso representa 3,02 mortes para cada 10 mil habitantes.
Em Curitiba, onde ocorreram 444 óbitos, o índice é de 2,18 mortes por 10 mil habitantes. Em Foz do Iguaçu, foram 44 mortes – 1,7 a cada 10 mil habitantes. Em Maringá foram mortas 29 pessoas pela polícia no período, o que representa um índice de 0,66 por 10 mil pessoas.
Em Londrina, portanto, a polícia matou 4,5 vezes mais que na Cidade Canção.
A alegação dos agentes de segurança para justificar as mortes é que elas ocorrem em situações de confronto. Alegam que os policiais tiveram de atirar porque foram recebidos a mão armada. “Contam sempre a mesma história, mas sabemos que isso não é verdade”, ressalta Marilene.
“Queremos saber a mando de quem estão matando, passando por cima de juízes e promotores, num país onde não há pena de morte”, declara a mãe.
Na opinião de Marilene, os adolescentes não estão tendo uma segunda oportunidade em Londrina. “Quantas pessoas tiveram seus deslizes e hoje são promotores, juízes, advogados, médicos e professores? Nossos filhos não tiveram essa chance. Nós não poderemos abraçar nossas crianças de novo, mas queremos que outros pais sejam poupados de passar pela mesma situação.”