"A polícia prefere matar do que prender." Foi assim que a cunhada do jovem Éberson Alberto Ferreira resumiu o "relacionamento" da Polícia Militar (PM) com os moradores do jardim Santiago, zona oeste de Londrina. Ferreira foi morto por policiais no último dia 4 na rua Pantanal. A versão da PM, de que o jovem teria reagido a uma abordagem, é contestada pela família. "Os policiais levaram o Éberson para os fundos de uma casa, onde ele foi exterminado. Não dá para usar outra expressão. Não houve reação à abordagem. Eles ainda tiveram a coragem de pegar o dinheiro do corpo", acusou a mulher, que não quis ser identificada por temer represálias.
Cerca de 30 pessoas protestaram pela morte dele e de outros cinco jovens durante a tarde desta sexta-feira (13) em frente à sede do Ministério Público (MP). "Foram seis mortes no Santiago. Quatro neste ano e duas em 2012. Pedimos justiça e o fim do extermínio", contou a mulher, a única dos manifestantes que aceitou conversar com a reportagem do Bonde.
Ela admitiu que todos os mortos tinham antecedentes criminais. "Mas isso não justifica o fato de a polícia atirar primeiro e perguntar depois", questiona.
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Os manifestantes conversaram com o delegado do Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Ernandes Cézar Alves, e com a promotora Solange Vicentin. Os dois disseram não ter competência de investigar as mortes. "Pediram para gente procurar a própria Polícia Militar e a 1.ª Vara Criminal. E é o que vamos fazer", contou a familiar, que também não descartou a realização de novos protestos.
Segundo levantamento feito pela reportagem, pelo menos 13 pessoas foram mortas pela Polícia Militar em Londrina só neste ano.
Esclarecimentos
De acordo com informações da 4.ª Companhia Independente da Polícia Militar, todas as mortes foram registradas durante confronto. A corporação garante, ainda, que os casos geraram procedimentos administrativos contra os policiais envolvidos. Os processos têm o objetivo de apurar em quais circunstâncias ocorreram os fatos.
Tudo é apurado, segundo a polícia, e encaminhado para a Corregedoria da PM em Curitiba. A 4.ª Companhia lembra também que todos os jovens mortos tinham uma extensa ficha criminal e eram conhecidos da polícia.