"Em Londrina, tudo que é livro se dissolve na água", foi assim parodiando Karl Marx, que o vereador Eloir Valença iniciou uma série de críticas a Secretária de Educação, Karin Sabec, durante o grande expediente da sessão desta quinta-feira (20), na Câmara Municipal de Londrina. As críticas se referiam a perda de metade da coleção dos livros Vivenciando a Cultura Afro-brasileira e Indígena.
Os livros foram adquiridos pela Secretaria Municipal de Educação. O valor pago por 13,5 mil unidades foi de R$ 621 mil, mas o material foi considerado inadequado. O Conselho Municipal de Educação e a Promotoria Pública revelaram que a obra continha erros e seu conteúdo evidenciava o racismo e o preconceito, razão pela qual toda a coleção foi recolhida das escolas municipais. Metade dos livros foi destruída pela chuvas do último final de semana. O material estava armazenado na Supercreche, atingida pela enchente. A Secretária de Educação, Karin Sabec, explicou que a destruição dos livros pode levar a um rombo nos cofres públicos já que o município tentava devolver a coleção a Editora Ética. Os livros estavam guardados na Supercreche a pedido da Secretaria de Gestão Pública.
Para o vereador Eloir Valença (PHS), o episódio revela a falta de organização da Secretaria. "Houve negligência, houve imprudência e, portanto, houve culpa sim! Secretaria Karin, quem está perdendo no município não é só o cidadão, mas também aquela criança que precisa ter o conhecimento - sabemos a importância do conhecimento e o quanto o conhecimento é necessário e indispensável para as pessoas -, no entanto cometeram alguns equívocos. O material está sob júdice, como nós vamos devolver esses livros, como que os cofres públicos receberão o dinheiro de volta?".
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Eloir Valença leu um longo texto sobre o problema. O parlamentar disse que pretende visitar o local onde o material estava armazenado. Ele recebeu apoio de outros vereadores.
Leia abaixo e na íntegra o texto de Eloir Valença:
Foi veiculado na imprensa na data de hoje a notícia de que 50% dos livros da coleção "Vivenciando a cultura afro-brasileira e indígena" molharam devido a chuva do final de semana e "vão se perder". Além dos livros, os polêmicos uniformes escolares também foram atingidos pela chuva torrencial.
Segundo entrevista coletiva da Secretária da Educação do Município de Londrina, foi um "caso fortuito". Leia-se: "não temos culpa". Bem, passamos a analisar se há culpa ou não: tudo começou com a aquisição deles que está sob suspeita. Se não tivesse havido a compra, não teria acontecido a perda. De mais a mais, é difícil imaginar que de todos os imóveis de propriedade do Município, não exista um único que seja realmente seguro contra casos fortuitos.
É inadmissível que o Município não tome as devidas cautelas com com quaisquer mercadorias ou bens que estejam sob judice. Ora, pensemos da seguinte forma: imaginemos que não fossem livros, mas sim dinheiro, notas "vivas" de real, R$ 620.000,00 que precisassem ser guardados pela Prefeitura. Será mesmo que a Secretária de Educação guardaria no mesmo local e da mesma forma como fez com os livros e uniformes? Será que o Secretário de Gestão Pública permitiria que fossem armazenados naquelas condições? Vou além: será que o Prefeito delegaria essa tarefa a alguma secretaria?? Tenho absoluta certeza que não! Eu locaria um cofre e acredito que eles fariam o mesmo. Então por que não fizeram?
Bem, o fato é que eles não fizeram. Não guardaram os livros em local realmente seguro e eles se perderam. Ou melhor, pelo menos R$ 310.000,00 foram dissolvidos em água. Houve negligência, houve imprudência e, portanto, houve culpa sim! E quem vai pagar essa conta?
Vereador Eloir Valença
Ouça denúncia do vereador Rony Alves sobre o assunto: