Depois de uma semana tumultuada pela paralisação de atividades e protesto de pais e alunos, a Escola Oficina retomou nesta segunda-feira suas atividades pedagógicas e assistenciais no Conjunto João Paes, zona norte de Londrina.
Nessa transição para a municipalização efetiva, em janeiro de 2004, o maior desafio da nova equipe de educadores tem sido domar a indisciplina - ou excesso de liberdade, como alguns preferem chamar - dos alunos.
Agora com novas oficinas arte-educativas e semi-profissionalizantes, a rotina das crianças e adolescentes que estudam na instituição depende não apenas das mudanças administrativas (saiu a Associação da Criança e do Adolescente de Londrina, Acalon, para a entrada de equipes da prefeitura). O grupo de profissionais precisará reverter as lacunas que tenham sido deixadas na educação.
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É o que mostra na prática, por exemplo, o trabalho do professor Carlos Barbosa de Castro. Na oficina de artes que ele ministra para um público de sete a 13 anos, o primeiro dia de aula mostrou que o trabalho será difícil. ''Isso tanto em termos estéticos, porque os alunos têm fortes valores individuais, como o hip hop e os grafismos, quanto disciplinares, pois são muito agitados'', apontou. ''Mas é possível mudar isso'', destacou.
A agitação também foi sentida pelos professores Alex Lemes e Moisés dos Santos, que atendem a mesma faixa etária na oficina de capoeira expressiva. ''Eles são rápidos para assimilar as lições, mas tivemos alguma dificuldade de organização'', afirmou Lemes. Santos acredita que isso seja reflexo de uma situação anterior. ''O pessoal que cuidava da escola antes lhes dava liberdade demais. Agora, com as normas definidas, tudo fica mais fácil'', concluiu.
D.C., de 12 anos, concorda. ''Agora está melhor, porque ninguém fica brigando'', contou. Ele se refere aos alunos que se rebelaram há cerca de dez dias ante o possível fechamento da escola. Em entrevista à Folha na semana passada, a secretária municipal de Assistência Social, Maria Luiza Rizotti, reconheceu que esse seria um obstáculo. ''Alguns estão em posição de confronto, mas é questão de adaptação, logo muda'', finalizou.
Para o aluno J.A.J., 17, o clima na escola estava ''diferente''. ''Alguns colegas meus acham que melhorou (com a mudança), mas outros ainda desrespeitam os educadores novos. Acho que ficou um pouco melhor; do jeito que estava ia acabar fechando''. Já J.R.A., 17, só acha que o horário de abertura dos portões poderia ser mantido às 7h30. ''Oito horas é muito tarde'', reclamou.
A coordenadora-geral da Escola Oficina, Nanci Fátima Camargo, não foi localizada pela Folha para comentar a retomada das atividades. Em seu lugar, o agente cultural Silvano Rigato informou que já foi iniciado o processo de transferência dos estudantes para escolas próximas de suas casas, anunciado pela secretária municipal de Educação, Magda Tuma, na última quinta-feira. ''Porém, nenhuma foi efetivada ainda'', comentou.