Quando um motorista de um grande centro dá uma moeda para uma criança ou adolescente que pede no semáforo não imagina que está incentivando a permanência deles na rua.
Londrina, por exemplo, se tornou um ponto de convergência de menores de outros municípios. Com maior número de veículos circulando, esses pedintes ''forasteiros'' se juntam aos que já vivem na cidade e conseguem arrecadar mais dinheiro que, em grande parte, é usado para comprar drogas.
No levantamento de maio deste ano feito pelo Projeto Sinal Verde da Secretaria Municipal de Ação Social, foram descobertas 11 crianças e adolescentes que migraram de cidades da região para Londrina. São meninos e meninas como o garoto C.R., de apenas 10 anos, já bastante conhecido das autoridades por ser reincidente. Comparado com Londrina, que tem sozinha 46 menores em situação de mendicância, o número de migrantes é pequeno mas não menos preocupante.
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A coordenadora de abordagem externa do Sinal Verde, Édna Mariene Rocha, explicou que quando são localizados, os menores migrantes são recambiados para suas cidades mas, quase sempre, eles acabam voltando. Ela destacou que a medida que tem se mostrado mais eficaz é a articulação de políticas conjuntas com os municípios de origem dessas crianças e adolescentes.
Rocha exemplificou que garotos que migravam da região de Cornélio Procópio, vinham clandestinamente em trens de carga. Sabendo disso, as empresas que operam neste percurso foram avisadas em abril último e o fluxo diminuiu. Autoridades de Maringá também estreitaram os vínculos com Londrina e já participaram, inclusive, de ações conjuntas no município que alcançaram bons resultados.
Márcio Antunes integra o Conselho Tutelar de Londrina há pelo menos 10 anos e apontou que os menores migrantes são atraídos por ''facilidades'' que não encontram em suas cidades de origem. Primeiro, ele citou a esmola. ''Tem muita gente aqui que dá dinheiro''.
Outro atrativo comum citado pelas crianças e adolescentes é que em Londrina eles conseguem comprar drogas por um preço menor. Segundo Antunes, ''praticamente 100% desses garotos são usuários''. O problema da migração, segundo ele, é difícil de ser combatido porque o Conselho local tem limitação jurisdicional para agir com menores oriundos de outros municípios.
A secretária municipal de Ação Social, Maria Luiza Rizotti, lembrou que no ano passado foi realizada uma reunião com os conselheiros tutelares de municípios da região que discutiu a migração de menores. A questão também sempre está presente nos fóruns estaduais. A abordagem mais adequada, destacou, será a instituição de políticas regionais, polarizadas nas regiões metropolitanas.