A Procuradoria-Geral do município está analisando a certidão de registro de imóveis que regulariza a doação da prefeitura para o Grêmio Literário e Recreativo Londrinense da área onde a entidade construiu sua sede social, na Alameda Manoel Ribas, no centro de Londrina. O documento foi passado pessoalmente ao procurador do município, Carlos Roberto Scalassara, pelo ex-presidente do Grêmio Gustavo Lessa Filho, que contesta a decisão do clube em vender o prédio. Lessa Filho alega que há uma condição, no documento de doação, dizendo que o Grêmio deverá devolver o imóvel ao município, com benfeitorias, caso se verifique a dissolução da entidade.
Em assembléia realizada no dia 25 de junho, com a presença de 142 dos 2,4 mil sócios, o clube decidiu pela venda do imóvel. Dos sócios presentes à reunião, apenas três foram contrários à venda. A justificativa da atual diretoria é que a sede social, onde hoje funciona apenas a sauna, representa um custo muito alto ao Grêmio, cerca de R$ 10 mil por mês. No local ainda funciona uma escola de balé terceirizada.
Uma comissão com oito sócios foi formada para agilizar a venda do imóvel ao preço de R$ 1,9 milhão. Todas as imobiliárias da cidade foram avisadas sobre a oferta. ''Não queremos privilegiar ninguém'', diz o presidente do Grêmio, Ederson Camata. A expectativa dele é que o negócio se realize até o início de setembro, mas até agora nenhuma oferta foi feita. ''Sabemos que várias pessoas procuraram informações sobre o prédio'', comenta.
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Lessa Filho, que foi presidente do clube na década de 70 por duas gestões, buscou nos cartórios de Londrina dois documentos. O primeiro mostra que em 1945, a Companhia de Terras Norte do Paraná doou ao município a quadra 33, com 7.895 metros, entre a Avenida Rio de Janeiro, Alameda Manoel Ribas, Rua Senador Souza Naves e Rua Maestro Egydio do Amaral. A certidão autorizava a prefeitura a doar o espaço a entidades jurídicas de finalidade recreativa, social, esportiva ou educacional.
Outro documento obtido por Lessa Filho comprova que a prefeitura repassou, em 5 de setembro de 1949, área de 1,2 mil metros quadrados ao Grêmio, com a condição de que, caso ocorra a dissolução da entidade, o imóvel retorna com benfeitorias para o município. ''E se o Grêmio vender o imóvel e em alguns anos ocorra a dissolução da entidade? Como é que eles farão a devolução para o município?'', questiona o ex-presidente.
*Leia mais na reportagem de Adriana de Cunto na Folha de Londrina/Folha do Paraná deste domingo