Sem sede para trabalhar, os conselheiros tutelares da Zona Norte de Londrina decidiram ontem atender apenas ocorrências de plantão, como casos de abuso sexual, trabalho infantil e violência física grave. Segundo a conselheira Marina de Andrade Barbara, desde janeiro o antigo prédio do órgão está interditado e os cinco funcionários têm trabalhado em lugares alternativos, cedidos pela comunidade.
Desde que assumiram o cargo, em julho de 2008, os conselheiros pleiteavam junto à prefeitura uma nova sede. Em função das fortes chuvas do início deste ano, o prédio foi interditado pelos Bombeiros, Defesa Civil e Vigilância Sanitária. ''Ficamos por um mês num espaço cedido pelo Cesumar e depois passamos a atender num salão da Paróquia Santa Cruz'', citou Marina.
Conforme ela, o atendimento ficou dificultado pela falta de computadores, que dão acesso direto à redes de saúde e educação, e pela falta de sigilo, necessário para a atuação do Conselho Tutelar. ''Também não tínhamos telefone.'' De janeiro até agora mais de mil encaminhamentos foram realizados manualmente pelos cinco conselheiros. Segundo Marina, os atendimentos estão relacionados à busca de vagas em creches e escolas, transferências de escolas, emissão de segunda via de documentos e encaminhamentos médicos, entre outros.
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Os arquivos e parte dos equipamentos permanecem armazenados na sede do Conselho do Centro, na Rua Belém. Ela explicou que os conselhos tutelares brasileiros trabalham de forma interligada, mas como Londrina tem deixado de alimentar o sistema com informações locais, a cidade poderá não ser agraciada com um novo sistema via internet.
De acordo com a promotora Édina Maria de Paula, da Vara Infância e Juventude de Londrina, o Ministério Público já encaminhou um pedido à Prefeitura de uma nova sede para o Conselho. ''Suspender o atendimento é uma forma de pressão, mas quem paga o preço é a população.''
Segundo a secretária municipal da Assistência Social, Jaqueline Marçal Micali, os conselheiros só resolveram trabalhar em esquema de plantão porque não aceitaram a opção da prefeitura, de atender num local provisório, como a própria unidade do Centro, enquanto a reforma da nova sede não fica pronta.
''Foi criada uma comissão, mas o Município está com dificuldades em encontrar uma casa na Zona Norte que tenha toda a documentação em dia'', detalhou a secretária. Ela informou que a Prefeitura escolheu o antigo prédio do posto de saúde do Jardim Maria Cecília, mas o local precisa de reforma. ''É preciso licitar e buscar recursos, que não estavam previstos no orçamento.'' Segundo ela, Município já colocou no orçamento deste ano a compra de computadores, geladeiras e cadeiras.