Revoltados com a morte do taxista Nelson Soares da Silva, 63 anos, assassinado supostamente depois de ter sido assaltado na noite do último sábado, taxistas mobilizaram-se em uma carreata que terminou em um buzinaço na frente da 10 Subdivisão Policial (SDP), ontem de manhã, no Centro de Londrina. O protesto ocorreu após o enterro de Silva, sepultado em uma cerimônia silenciosa no Cemitério Jardim da Saudade. Ele deixa três filhos e dois netos.
Émerson Frata da Silva, um dos filhos de Nelson, afirmou que a família está em estado de choque. ''Foi uma perda lamentável'', disse. Ele é mototaxista e afirmou que a morte do pai deixou-o assustado com os riscos da profissão. ''A gente sai para trabalhar e não sabe se vai voltar'', avaliou.
O filho do taxista relatou que o pai tinha ficado doente nas últimas semanas e estava com a saúde um pouco debilitada. ''Era um exemplo de pessoa. Se todos tivessem recebido a educação que ele me deu, ninguém faria uma barbaridade dessas'', emocionou-se.
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Esse foi o segundo caso de latrocínio (roubo seguido de morte) de taxistas registrado neste ano em Londrina. Em janeiro, Valdir da Silva, 34 anos, foi executado com dois tiros depois de uma tentativa de assalto. ''A violência é a principal ameaça enfrentada pelos taxistas. Precisamos de mais policiamento'', desabafou Maria Maciel, gerente administrativa do Sindicato dos Taxistas de Londrina.
Muito emocionado, o taxista José de Paiva, proprietário do carro utilizado por Silva para trabalhar, afirmou que o companheiro de serviço era tranquilo, não tinha inimigos e não vinha sofrendo ameaças. ''Foi um choque para todos. Nessa profissão, a gente fica muito exposto, porque nunca sabemos quem são as pessoas que estão entrando no carro'', afirmou ele, que estava entre os taxistas que encontraram o corpo na manhã de domingo. ''Ele foi visto pela última vez por volta das 20 horas de sábado.''
A ameaça de assaltos era assunto recorrente entre os muitos profissionais que acompanharam o enterro. Laércio Borinelli, presidente da Associação de Rádio Táxi Faixa Vermelha, afirmou que as ocorrências costumam aumentar com a proximidade do fim do ano. ''Pelo que observamos, a maioria dos roubos é motivada pelo consumo de drogas. Grande parte dos assaltantes acaba levando pouco dinheiro'', disse.
Ele também ressaltou que, por trabalharem sob estresse, os profissionais correm o risco de reagirem a roubos e serem vítimas da violência dos assaltantes. ''A orientação é nunca carregar dinheiro e jamais reagir.''
Inquérito foi aberto pela Polícia Civil para investigar o assassinato de Silva. O delegado-chefe da 10 SDP, Sérgio Luiz Barroso, confirmou que a investigação parte da hipótese de que tenha sido latrocínio, visto que foram levados o celular e o aparelho de som do carro do taxista.
Ele relatou que uma carteira sem dinheiro e com alguns documentos foi encontrada perto do carro, o que leva a crer que a vítima tenha entregado esse objeto aos assaltantes, mantendo consigo uma segunda carteira onde havia R$ 400 e que permaneceu no bolso da calça do taxista.
''Colocamos três equipes para investigar esse crime trágico, que envolve um trabalhador e pai de família. Esperamos que o caso seja resolvido o mais rápido possível'', disse.