Esta semana, a Polícia Civil de Londrina apresentou o balanço dos homicídios no primeiro semestre de 2009. O saldo de 45 pessoas mortas, número 28,5% inferior ao registrado no mesmo período do ano passado, quando 63 pessoas foram assassinadas.
Apesar da redução, levantamento realizado pela reportagem do portal Bonde revela que a marginalidade continua atuando praticamente na mesma intensidade que o ano passado quando confrontadas as estatísticas do Corpo de Bombeiros deste ano com as de 2008.
O total de vítimas atendidas pelo Siate nos primeiros 180 dias do ano chegou a 154, sendo 48 esfaqueadas e 106 baleadas. Esta soma revela uma média de quase uma vítima da violência por dia, entre janeiro e junho deste ano, e demonstra uma redução menor da criminalidade. No mesmo período de 2008, o total de feridos foi apenas 7% superior. Das 166 vítimas do ano passado, 44 foram feridas por arma branca e 122 por disparos de arma de fogo.
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"Este ano, o total de ocorrências foi diferente do número de vítima somente nos casos de arma de fogo. Os 106 baleados foram atendidos em 101 ocorrências, ou seja, houve crimes com mais de uma vítima", explicou o tenente Rodrigo Nakamura.
Cresce índice de óbitos em hospitais
Os números da criminalidade ainda são mais preocupantes se avaliadas as estatísticas de três hospitais que recebem as vítimas mais graves de tentativas de homicídio em Londrina. Segundo levantamento feito pelo Bonde, o número de óbitos destes pacientes durante atendimentos nos Prontos Socorros ou em outras unidades de internamento em 2009 é quase quatro vezes maior que do ano passado.
O Hospital Universitário (HU) atendeu o maior número de pacientes vítimas da violência. Das 72 pessoas que passaram por atendimento, 12 não resistiram aos ferimentos e faleceram no hospital. No Hospital Evangélico (HE), das 20 pessoas atendidas por ferimentos de arma branca e arma de fogo, sete morreram. Enquanto este ano, foram 19 mortes nos dois hospitais, no ano passado foram somente cinco casos.
Este número deve ser ainda maior já que a Santa Casa atendeu 53 pacientes nestas condições, mas até o fechamento desta reportagem não tinha o levantamento do número de óbitos deste tipo de paciente.
Perfil
Segundo o delegado de Homicídios, Ernandez César Alves, na maioria dos casos de homicídios, tanto vítimas como acusados têm envolvimento com o mundo do crime. "Um dos delitos que encabeça a criminalidade é o tráfico de drogas", esclareceu Ernandez. Para o delegado-chefe da 10ª Subdivisão Policial (SDP), Sérgio Barroso, o índice de homicídios que tem relação direta com o trafico de drogas chega a 90%.
Outra característica das vítimas é a baixa faixa etária. De acordo com o delegado, do total de vítimas deste ano, mais da metade, 52%, tinha até 25 anos e 19% tinham até 18 anos.
Para o delegado Ernandez, a redução do número de vítimas está mais ligada a fatores sociológicos. "Nós estamos trabalhando da mesma forma. Nada mudou na forma da polícia atuar", comentou.
Segundo ele, o número de pessoas que ligam para fazer denúncia também não mudou. "A população continua colaborando da mesma forma, não houve um crescimento das denúncias. As pessoas que ligam são as mesmas: ou não gostam de quem praticou o crime ou querem derrubar esta pessoa ou ainda são parentes ou vizinhos das vítimas", concluiu o delegado.
Latrocínio
Com relação aos casos de latrocínios (roubo seguido de morte), Londrina registrou o mesmo número do ano passado. Quatro pessoas foram assassinadas durante os seis primeiros meses do ano - mesmo saldo de janeiro a junho de 2008. Durante todo ano passado, 124 homicídios foram registrados pela Polícia Civil.
Um dos latrocínios que chocou recentemente Londrina foi o assassinato do empresário Otácilio Pires Tomaz, durante um assalto ao seu estabelecimento, Auto Ferro Velho Acrometal, no dia 25 de junho.
Tomaz foi morto aos 76 anos com um tiro no tórax quando tentou fugir ao perceber que os funcionários haviam sido rendidos por ladrões. Ele estava chegando na empresa com o filho quando tudo aconteceu e foi atingido no interior de seu veículo.
Um dos três bandidos que participou do latrocínio já foi reconhecido com ajuda do vídeo do sistema de segurança da empresa. Trata-se de Erminio Tomaz Netto, de 21 anos, que já esteve preso por roubo e é procurado pela polícia.
No dia 26 de junho, comerciantes da Vila Casoni - bairro onde fica o estabelecimento do empresário morto - fizeram um protesto pedindo mais segurança para combater a onda de violência que vem amedrontando os londrinenses.
Crianças
Duas outras ocorrências policiais chamaram atenção dos bombeiros este ano porque entre as vítimas estavam duas crianças, uma de 10 anos e outra de 13.
O primeiro caso aconteceu no dia 11 de janeiro em um bar na Avenida Elias Daniel Hatti, no Jardim Aquiles Stenghel, na zona norte de Londrina. Durante uma tentativa de assalto de uma motocicleta, uma garota de 10 anos acabou sendo atingida por um tiro que, por sorte apenas feriu de raspão sua perna. Segundo o hospital, ela teve alta dois dias após a internação.
Nesta ocorrência, também ficaram feridos o dono da moto, Ivan Honório da Silva, 33 anos, que levou um tiro nas costas e uma cliente do estabelecimento, Marilene Delfino, 45 anos, que foi atingida no abdômen por um disparo de arma de fogo.
A outra situação em que uma criança foi ferida ocorreu no dia 13 de maio na Rua Euclides da Cunha, no Jardim Shangrilá A, quando um menino de apenas 13 anos foi atingido por golpes de arma branca na região esquerda do ombro e lombar. Este caso teve o acompanhamento do Conselho Tutelar e a criança saiu do hospital no dia 15, acompanhada por uma tia e um conselheiro.