O presidente da França, François Hollande, participou na tarde desta terça-feira (14) da coletiva anual de imprensa e, embora tenha preferido discutir política e economia, precisou responder sobre seu suposto caso com a atriz Julie Gayet. Sob pressão em sua primeira aparição pública desde que a revista Closer publicou fotografias suas chegando na garupa de uma motocicleta ao apartamento da atriz, Hollande afirmou que está passando por "momentos difíceis", evitou falar sobre sua vida pessoal e prometeu esclarecer a situação antes de sua viagem para os EUA no início do mês que vem.
A companheira do presidente, a jornalista Valerie Trierweiler, está hospitalizada desde sexta-feira, quando as imagens foram publicadas.
Após seu discurso sobre economia e política, o presidente francês foi pressionado a dizer se Trierweiler vai continuar sendo primeira-dama. "Todo mundo passa por problemas em sua vida pessoal, este é o nosso caso", respondeu Hollande.
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Sobre a reportagem, o presidente disse que sua "indignação é total" e classificou a matéria de "violação da liberdade pessoal", mas não confirmou se a reportagem é verdadeira. O presidente, no entanto, não descartou a possibilidade de processar a revista.
A revelação do suposto caso de Hollande põe em questão se uma complexa vida pessoal pode ser privada para alguém que anda 24 horas com guarda-costas e levanta questões sobre o papel da primeira-dama na França. Trierweiler é a primeira pessoa a ocupar o posto sem ser casada com o presidente.
Hollande disse que vai esclarecer quem é a primeira-dama antes de sua viagem presidencial aos Estados Unidos em 11 de fevereiro, e acrescentou que os gastos do governo como o posto devem ser públicos e os "menores possíveis". Não existe status formal de primeira-dama na França, mas na prática elas possuem escritório e um pequeno grupo de funcionários no palácio presidencial.
François Rebsamen, socialista que integra o Legislativo e se considera amigo de Hollande, disse que as revelações mostram que a ideia de primeira-dama é obsoleta.
"O próprio François Hollande disse num ocasião que uma pessoa é eleita e que ela pode viver sozinha, pode ser solteira, pode viver com outro homem ou mulher. Isso não é da conta de ninguém e não tem importância", declarou ele à rádio RTL nesta terça-feira.
Hollande, que nunca se casou e tem quatro filhos de uma relacionamento anterior com a também política Ségolène Royal, foi eleito como o "senhor normal", em reação a seu antecessor, Nicolas Sarkozy.
O analista político francês Dominique Moisi disse que Hollande, que já era o presidente com o mais baixo índice de popularidade da história moderna da França, atraiu mais atenções para si.
"Ele queria impressionar os franceses com o fato de ser um homem normal, de dignidade, simplicidade e rigor moral", disse ele. "Subitamente, os franceses descobriram que ele é como os outros, mas de uma maneira menos gloriosa, até mesmo ridícula."
Vinte anos atrás o mesmo fotógrafo que flagrou Holllande, Sebastien Valiela, agitou o cenário político francês com imagens que revelaram a família secreta do então presidente François Mitterrand, mostrando o líder socialista saindo de um restaurante com uma filha que ele nunca reconheceu.
Valiela disse estar surpreso com a falta de segurança para Hollande, cujo governo tem sido repetidamente alvo de ameaças da Al-Qaeda. "Ao ir para um encontro com Julie Gayet, ele estava se arriscando", disse ele à RTL. "Assim que ele entrava no apartamento, os guardas iam embora."