Preocupado com o baixo número de negros que ingressam nas universidades, o governo federal criou, desde o início do ano, sistema de cotas que estipula uma porcentagem de vagas nos vestibulares para os afrodescendentes. Atualmente, apenas três por cento do total de pessoas que concluem o nível superior são negros. Em contraste, aproximadamente metade da população brasileira é afrodescendente.
Como a definição das cotas é opcional e não há prazo estabelecido, apenas duas instituições implantaram o sistema até agora: a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e a Universiade Estadual da Bahia (Uneb). A Universidade de Brasília (UnB), aprovou o novo sistema mas ainda não o implementou.
Na manhã desta terça-feira, o Ministério da Educação (Mec) e a Secretaria Especial de Políticas de Promoção de Igualdade Racial lançaram o Grupo de Trabalho Interministerial para fazer um levantamento completo dos dados étnicos sobre as desigualdades educacionais no ensino brasileiro. O grupo também vai elaborar propostas de acesso e permanência dos negros nas instituições de ensino superior.
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A expectativa do governo, de acordo com a ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção de Igualdade Racial, é que em 90 dias o governo já tenha uma posição das universidades sobre a implementação de cotas. "Várias universidades já estão em processo de negociação e com o grupo pretendemos acelerar esse processo", declarou Matilde. Ela informou que a cota racial varia de 20 a 40%, mas o percentual definitivo será estipulado de acordo com a realidade nacional.
Matilde explicou ainda que o governo quer promover com as universidades uma reflexão sobre o Brasil real, em que os negros estão excluídos das universidades. "Nós precisamos avançar para quebrar essa lógica e promover efetivamente a igualdade racial", concluiu.