Cem municípios concentram 22,4% dos jovens e adultos analfabetos no País, revela o Mapa do Analfabetismo lançado nesta terça pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).
Fazem parte dessa lista 24 capitais, inclusive São Paulo, que lidera o ranking de cidades brasileiras com maior número absoluto de pessoas iletradas acima de 15 anos: 383 mil. Em segundo lugar, vem o Rio de Janeiro, com 199 mil.
Embora abriguem a maior quantidade de analfabetos, São Paulo e Rio vivem situação bem diferente em termos relativos. Isso porque, proporcionalmente, menos de 5% da população das duas capitais não sabem ler nem escrever - no caso de São Paulo, a taxa é 4,9%; no do Rio, 4,4%. No Brasil, a taxa é de 13,6%, o equivalente a 16 milhões de pessoas.
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Mas o Ministério da Educação (MEC) estima que o total de analfabetos funcionais - incapazes de usar no dia-a-dia a linguagem escrita - pode chegar a 30 milhões. Apesar do crescente acesso da juventude pobre à escola, o País continua marcado pela desigualdade econômica e regional.
Os índices de analfabetismo em famílias com renda acima de dez salários mínimos chega a ser 20 vezes menor do que entre quem ganha um salário mínimo.
Os dados mais alarmantes vêm do Norte e Nordeste. O município de Jordão, no Acre, é campeão de analfabetismo no País, com uma taxa de 60,7%. Ou seja, de cada dez moradores, seis não escrevem nem lêem. Dos 5.507 municípios pesquisados, os 20 com as piores taxas são nordestinos ou nortistas. Em todos eles, mais da metade da população é iletrada.
Na ponta de cima, São João do Oeste, em Santa Catarina, vive realidade radicalmente distinta. Com taxa de 0,9%, é a cidade com menor índice de analfabetismo no País entre jovens e adultos acima de 15 anos. As 20 menores taxas foram registradas em municípios do Sul. Nessa lista de menores proporções de analfabetos, o melhor desempenho do Sudeste coube a Águas de São Pedro (SP) e São Caetano do Sul (SP), em 27º e 28º lugar respectivamente.
O diretor de Tratamento e Disseminação de Informações Educacionais do Inep, José Marcelino, destacou que, embora as maiores taxas de analfabetismo estejam localizadas no Norte e Nordeste, em termos absolutos o problema tem abrangência nacional. Afinal, metade dos jovens e adultos que não sabem ler nem escrever mora em 586 municípios.
O secretário extraordinário de Alfabetização do MEC, João Luiz de Carvalho, disse que as grandes cidades dispõem de mais recursos humanos e materiais para erradicar o problema. Por outro lado, segundo ele, carecem de ''solidariedade'' - atitude que, de acordo com o secretário, é mais frequente nos pequenos municípios.
O MEC tem como meta alfabetizar 3 milhões de jovens e adultos este ano. Até o fim de 2006, quando termina o mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o objetivo é chegar a 20 milhões. O ministério dispõe de R$ 278 milhões para firmar convênios com Estados, municípios e organizações não-governamentais.
O mapa do analfabetismo foi produzido pelo Inep com base no censo do IBGE de 2000 e dados do MEC e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).