A greve dos professores das universidades federais já dura 103 dias. O último balanço divulgado pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) indica que 36 universidades estão paradas. Já o balanço do Ministério da Educação é outro: 31 das 61 instituições do país estão sem aulas.
A greve mais longa da última década, segundo o Andes, ocorreu em 2001. Naquele ano, a paralisação levou 108 dias. Mas a presidente do sindicato, Marina Barbosa, afirma que o recorde poderá ser superado pelo movimento deste ano.
Para ela, o governo ainda não definiu as três questões vitais para o fim do movimento, que são paridade entre ativos e aposentados, isonomia entre as carreiras e reajuste salarial equivalente ao valor recebido em gratificações (que representam até 80% dos vencimentos básicos).
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O ministro da Educação, Fernando Haddad, declarou que todas as reivindicações seriam supridas com o acréscimo de R$ 150 milhões no montante de R$ 500 milhões que já estava destinado ao reajuste dos professores. Com isso, o aumento médio da categoria seria de 9,75% sobre o vencimento.
Essa verba extra está prevista no Projeto de Lei 6364 que chegou ontem (08) ao Congresso Nacional. No entanto, o que o MEC define como "uma solução" é visto pelos grevistas como uma "traição".
Marina Barbosa explica que a proposta apresentada ao Congresso não foi negociada com o movimento e, portanto, a greve continua. "O conteúdo do projeto não altera em nada o processo negocial que a gente tinha até o momento, já que ele não atende às nossas reivindicações", acentua.
Apesar das críticas, Marina ressalta que o governo atendeu a uma solicitação dos grevistas para o fim da paralisação. Fernando Haddad anunciou a abertura de um edital para a contratação de quatro mil professores para universidades. O número supre metade da carência dos professores, de acordo com a assessoria de imprensa do ministério.
O presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Oswaldo Baptista, afirma que, atualmente, estes cargos são de professores substitutos. "O salário médio destes profissionais é de R$ 400 a R$ 700. É muito difícil conseguirmos contratar pessoas qualificadas com vencimentos como esses", justifica.
Esta é a mesma opinião da presidente da Andes. No entanto, ela ressalta que o edital para novas contratações é uma vitória para a categoria. "Apesar de não ser o suficiente, estas contratações são conquistas do movimento grevista", relata Marina.
Na próxima semana, assembléias estaduais de professores decidem pela continuidade ou término da paralisação. O principal tema abordado nas reuniões será a Projeto de Lei 6364.