O Tribunal Especial iraquiano que julga o ex-presidente Saddam Hussein e sete de seus antigos colaboradores adiou nesta segunda-feira (28) o processo para o dia 5 de dezembro. Segundo um juiz, o adiamento foi concedido para permitir que a equipe de advogados de defesa substitua os dois integrantes que foram mortos nos últimos dias.
Os acusados foram chamados um a um no tribunal construído especialmente para o julgamento na chamada Zona Verde, com segurança reforçada.
Saddam foi o último a entrar, carregando uma cópia do Corão, o lívro sagrado dos muçulmanos.
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Ele reclamou com o juiz da maneira como estava sendo tratado, se referindo aos guardas como ocidentais, e também das forças de ocupação.
A segurança foi reforçada depois que dois advogados da defesa foram mortos, e outros, incluindo testemunhas, receberam ameaças de morte.
Saddam está sendo julgado pelo massacre de 148 xiitas no vilarejo de Dujail, a 60 km ao norte de Bagdá, após uma tentativa fracassada de assassiná-lo em 1982.
Se considerado culpado, Saddam pode ser executado.
Boicote
Grande parte dos 40 dias de intervalo no julgamento foi dominada por questões de segurança.
O juiz que preside o julgamento, Rizgar Mohammed Amin, disse a uma revista alemã que chegou a considerar a mudança do tribunal para uma área de maioria curda, no norte do Iraque.
No entanto, ele decidiu que Bagdá era segura o suficiente para "os procedimentos regulares e justos", mesmo que isso seja "reconhecidamente difícil".
O ex-procurador-geral dos Estados Unidos Ramsey Clark, um crítico do tribunal especial, vai se unir à equipe de defesa.
Clark, de 77 anos, viajou da capital da Jordânia, Amã, para Bagdá no domingo e disse que quer proteger os direitos de Saddam.
"Um julgamento justo neste caso é imperativo para a verdade histórica", disse ele à agência de notícias Reuters.
Clark, que esteve no governo americano nos anos 1960, durante a gestão do presidente Lyndon Johnson, já descreveu o tribunal especial formado para julgar membros do antigo regime iraquiano como uma "criação da ocupação militar americana".
Na semana passada, os advogados que representam o ex-presidente iraquiano decidiram terminar o boicote que faziam contra o julgamento do ex-líder do país. Eles estavam se recusando a participar do julgamento por motivos de segurança.
Por isso, as identidades de quatro dos cinco juízes do tribunal foram mantidas em segredo, e cerca de 35 testemunhas devem prestar seus depoimentos atrás de cortinas, para que sejam protegidas contra possíveis represálias.
Também na véspera do julgamento, a polícia iraquiana anunciou que oito pessoas foram presas por planejarem matar o juiz que preparou o processo contra o ex-líder iraquiano.
Os homens, detidos há quatro dias em Kirkuk, no norte do país, estariam agindo sob as ordens do segundo homem do antigo regime de Saddam Hussein, Izzat Ibrahim Al-Douri.
Informações da AFP e BBC Brasil