Desemprego, violência urbana e falta de políticas públicas voltadas para a população de baixa renda. Estas são as principais causas para o aumento de moradores de rua em grandes metrópoles como, Belo Horizonte e São Paulo. A informação partiu da Pastoral do Povo da Rua, que aponta um crescimento dessa população em 27% na capital mineira e 33% na paulista, entre os anos de 1998 a 2005.
De acordo com a integrante da coordenação da Pastoral, Maria Cristina Bove, os dados demonstram que o mesmo pode estar acontecendo em outras capitais brasileiras. Para ela, é preciso oferecer mais do que ações assistencialistas para mudar a realidade dessas pessoas.
"Na verdade, os programas que existem são de caráter provisório e emergencial e não resolvem o problema. O que pode resolver realmente é a pessoa ter estabilidade, ter um emprego, ter uma casa. Agora, apenas programas provisórios como, a multiplicação de albergues, são necessários na medida que é uma saída emergencial da rua, mas não para poder superar essa situação de exclusão".
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O integrante do Movimento Nacional de População de Rua, Samuel Rodrigues, concorda e diz que essa população precisa ser resgatada para o mercado de trabalho. "A prioridade é a inserção dos moradores de rua nas politicas públicas, é criar politicas intersetoriais, que não sejam aplicadas apenas pela assistência social", destaca.
Ele explica que as ações do governo precisam trazer alternativas para o processo de globalização, que também contribui para a exclusão desses indivíduos. " Na verdade, os moradores de rua são produtos dessa globalização, que é excludente e deixa a margem aquele que não está capacitado. Então, a criação de políticas de trabalho e renda pode vir a reduzir e evitar a ida de novas pessoas para a rua", avalia Rodrigues.
Para isso, Maria Cristina Bove, aponta a realização de um censo como primeiro passo na elaboração de novas políticas. Atualmente, não existe um registro oficial do número de moradores de rua no Brasil. Os dados divulgados pela Pastoral do Povo da Rua foram solicitados pelas prefeituras de Belo Horizonte e São Paulo e por entidades ligadas a essa população.
No entanto, de acordo com a assessoria de imprensa do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome será realizado um censo demográfico no início de agosto em 60 municípios com mais de 300 mil habitantes. Além disso, segundo a assessoria, o Ministério também vem atuando dentro de um grupo de trabalho interministerial, formado por outros ministérios e entidades da sociedade civil, para criar ações e projetos voltados especificamente para a população de rua. O grupo começou os trabalhos no final de 2006.
"A nossa expectativa é que esse grupo traga resultados para essa população e que aja uma sensibilização por parte da sociedade para o reconhecimento dos moradores de rua também como cidadãos", finaliza Samuel Rodrigues.
Agência Brasil